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Britânicos querem deixar a UE? Maioria ainda diz que não

A última sondagem mostra que a diferença entre os britânicos que querem permanecer na União Europeia e os que querem sair está cada vez mais próxima. É com estes dados na bagagem que Cameron vai a Bruxelas negociar.

David Cameron, primeiro-ministro britânico
Reuters
16 de Dezembro de 2015 às 11:20
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56% versus 35%. Esta é a diferença entre os britânicos que querem continuar na União Europeia (UE) e os querem sair – o chamado "Brexit". Para já, a última sondagem da ComRes para o Open Europe, citada pelo Financial Times (FT), mostra que a maioria dos britânicos quer continuar no bloco europeu mas esta situação pode alterar-se caso falhe o processo negocial que o primeiro-ministro David Cameron (na foto) está a encetar.

É com estes números que o chefe de Governo do Reino Unido vai hoje a Bruxelas para negociar com os líderes europeus as condições para que o país se mantenha na Europa. Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, apontou ontem que o debate que vai realizar-se tem ser "sério e sem tabus". O responsável alertou os líderes do Velho Continente que o encontro vai "focar-se especialmente [nas questões] mais controversas" da negociação com o Reino Unido.

Ainda assim, salientou que "alcançamos já progressos significativos nas negociações". "Contudo, continuamos longe de um acordo em vários tópicos", acrescentou.

De acordo com o jornal inglês, as principais questões que Cameron vai colocar sobre a mesa são: restrições às prestações sociais aos migrantes na UE, algo que tem a forte oposição de vários estados-membros, e travar a discriminação do Reino Unido por parte dos países da Zona Euro no mercado único.

Na prática, o Reino Unido quer uma maior protecção dos seus interesses, e dos demais países que não estão no euro, em termos de governação económica. Além disso, o Governo britânico acredita que devem ser feitos mais esforços para impulsionar o comércio, e por conseguinte a competitividade. Em termos de imigração, Londres quer um maior controlo sobre a movimentação de pessoas dentro do bloco europeu, segundo o jornal económico.

Durante o encontro desta quarta-feira, David Cameron vai alertar os parceiros europeus que, caso não haja uma restrição aos benefícios sociais para os migrantes, há o risco real dos britânicos votarem a favor de um "Brexit".

A sondagem ComRes indica que o apoio à manutenção no Reino Unido na UE baixa para 48% caso Cameron não consiga ter sucesso na negociação com os parceiros.  

Raoul Ruparel, do Open Europe, citado pelo FT, afirma que "a UE deve estar consciente que não alcançar um acordo [sobre] as principais exigências do Reino Unido vai fazer crescer as hipóteses dos" votos favoráveis a uma saída no referendo.

Antigo primeiro-ministro alerta para riscos de saída da UE

John Major, primeiro-ministro britânico de 1990 a 1997, concedeu uma entrevista na qual alerta para os riscos que o Reino Unido enfrenta se deixar o bloco europeu. Citado pelo The Guardian, Major começa por assinalar que é céptico em relação a grande parte das políticas da União Europeia. No entanto, "arriscar com a saída [da UE], num momento em que todo o mundo está a juntar-se, parece-me muito perigoso e contra os nossos interesses de longo prazo". "Quaisquer que sejam as frustrações e qualquer que seja o resultado das negociações, vamos ser capazes de continuar a tentar e influenciar a União Europeia enquanto estamos nela".

Além disso, o antigo governante considera que uma saída da União Europeia poderia levar a uma separação no Reino Unido pois a Escócia poderia voltar às urnas para votar pela independência. "Se deixarmos [a UE] existe uma elevada probabilidade da Escócia ter outro referendo e deixar o Reino Unido. O Reino Unido iria ficar fracturado e isso seria muito prejudicial – o nosso prestígio internacional, creio, iria sofrer", adiantou.

 

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