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Conselho Europeu "mais optimista" quanto a acordo para britânicos não saírem da UE
O presidente do Conselho Europeu disse estar "mais optimista" quanto a um compromisso com o Reino Unido, no contexto do denominado 'Brexit', o referendo que irá determinar a permanência ou não do país na União Europeia.
Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, saudou esta noite, na conferência de imprensa no final do primeiro de dois dias da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da UE, o "progresso significativo" alcançado na questão 'Brexit', por os Estados-membros "concordarem em trabalhar juntos".
Recorde-se que as quatro exigências do Reino Unido para não bater com a porta prendem-se com mais soberania, protecção do mercado único e blindagem contra custos do euro, menos benefícios para imigrantes e uma Europa focada na competitividade.
"É nossa intenção trabalhar em comum para encontrar uma solução para as quatro áreas" que o Reino Unido quer ver reformadas, afirmou Tusk, assumindo que, para "alguns Estados-membros, a questão dos benefícios sociais é a área mais difícil, mais delicada".
Em causa está a proposta de os cidadãos de outros Estados-membros receberem benefícios depois de quatro anos a viverem e trabalharem no Reino Unido. "Temos que respeitar o pedido, mas também respeitar as necessidades de alguns Estados-membros", resumiu o líder do Conselho Europeu, referindo que a colaboração para uma solução é o "trabalho que tem que se fazer desde hoje até à reunião do Conselho Europeu de Fevereiro".
Tusk reafirmou, porém, que o conselho e a comissão terão que ser "duros quanto a limites e valores fundamentais", garantindo que "não se irá desistir da liberdade de circulação e do princípio de não discriminação".
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, argumentou, por seu lado, que todas as quatro questões "são delicadas".
Já a embaixadora britânica em Portugal, Kirsty Hayes, disse em entrevista [publicada no dia 17 de Dezembro] ao Negócios que acredita que há condições para sair fumo branco de Bruxelas. Sobre as quatro exigências, reconheceu que o "timing" não tem sido o ideal, mas defendeu a importância das propostas. "Primeiro tivemos a crise da Grécia, depois a crise dos refugiados e agora também a crise do terrorismo em França e noutros países europeus. São temas obviamente muito importantes, o Reino Unido tem estado plenamente envolvido na sua resolução, mas isso não anula a importância das nossas propostas. Elas continuam a ser centrais para o povo britânico e para outros povos europeus. Se as deixássemos de parte estaríamos, em certa medida, a ceder ao próprio desejo de disrupção dos terroristas. E, ao mesmo tempo que temos todas estas crises, temos também uma crise de crescimento e é também sobre a dimensão da competitividade que queremos reformas na União Europeia", afirmou Kirsty Hayes.
Na cimeira desta quinta-feira, e sobre a questão das migrações, Tusk destacou a "falha na protecção das fronteiras externas" da UE, tendo adiantado contudo que "esta noite, estamos mais optimistas: todos os líderes concordaram em defender Schengen".
Tusk disse ainda que, até final de Junho de 2016, os 28 terão de tomar uma posição sobre a proposta de Bruxelas para a criação de uma guarda europeia costeira e fronteiriça, que poderá, excepcionalmente, intervir num Estado-membro sem que este dê aval.
Por seu lado, Juncker informou que o executivo comunitário fará durante o primeiro semestre de 2016 uma proposta para alterar o sistema de Dublin referente a asilo e um texto sobre migração legal.