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Brexit : União Europeia volta a pedir que Londres clarifique as suas posições
Jean-Claude Juncker e Michel Barnier alinharam o discurso no Parlamento Europeu: Londres tem de clarificar as suas posições ou adiar por um período mais alargado as negociações sobre a futura relação comercial.
Jean-Claude Juncker e Michel Barnier estiveram esta terça-feira, 3 de Outubro, no Parlamento Europeu. E tanto o presidente da Comissão Europeia como o negociador-chefe da União Europeia nas negociações para a saída do Reino Unido do bloco económico enviaram a Londres uma mensagem clara: o Reino Unido tem de clarificar as suas posições em relação ao Brexit ou vai ter de adiar por mais tempo as negociações sobre a futura relação comercial entre o bloco e o Reino Unido.
"Não alcançamos ainda os progressos suficientes" para que as negociações avancem, disse Juncker, citado pela Bloomberg. "Não podemos falar do futuro sem uma clarificação real. O discurso da primeira-ministra em Florença foi conciliatório mas discursos não são posições negociais", acrescentou, em Estrasburgo.
Barnier, na sua intervenção no Parlamento Europeu, apontou que é necessária "uma interpretação consistente do acordo em que ambos os lados do Canal [da Mancha] que apenas o Tribunal Europeu de Justiça pode garantir". "Precisamos de ter uma aplicação directa do acordo de saída" do Reino Unido da União Europeia.
A mensagem transmitida pelos responsáveis europeus em si não é nova mas acaba por reforçar a posição da União a 27. Já no final da quarta ronda de negociações, que terminou na semana passada, Barnier tinha sustentado que tinham sido feitos a progressos mas suficientes para que as negociações avançassem para temas que Londres consideram quase como prioritários: a relação comercial e o período de transição.
Este fim-de-semana, Juncker foi menos optimista e adiantou que só por "milagre" é que haverá até final de Outubro progressos suficientes nas negociações com o Reino Unido sobre o Brexit que permitam iniciar a discussão sobre a futura relação. "Daqui até final de Outubro não teremos progressos suficientes, a não ser que aconteça um milagre", declarou Juncker.
Um discurso claramente contrastante com o de Theresa May, que à entrada para a cimeira de líderes europeus, na Estónia, dizia que estava "satisfeita por as negociações terem conhecido progressos". "Estou desejosa de desenvolver uma relação profunda e especial com a União Europeia, que considero que não é só do interesse do Reino Unido, mas também da UE".
A líder britânica esperava que com isto conseguisse mais alguma abertura por parte de Bruxelas e que, assim, começassem as negociações sobre a futura relação comercial entre o Reino Unido e a União Europeia. Ou seja, que Barnier indicasse aos líderes dos 27 que foram alcançados "progressos suficientes" em três temas centrais: direitos dos cidadãos expatriados, o valor da factura do Brexit e a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Algo que pode mesmo não acontecer.
Antes da cimeira europeia, a 19 e 20 de Outubro, vai decorrer uma nova ronda de negociações. Começará a 9 de Outubro e, no final da mesma, Michel Barnier vai ter de revelar se foram alcançados "progressos suficientes". Se for esse o caso, o responsável pode recomendar aos 27 que seja dado início as negociações relativas à futura relação comercial.