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Suíços rejeitam rendimento mínimo para todos e corte nos salários dos gestores públicos

As duas propostas que os suíços votaram em referendo foram ambas chumbadas. Uma delas implicava o corte no salário de cerca de 7 mil gestores de empresas públicas.

2º - Suíça. Posição em 2015 (4ª)
05 de Junho de 2016 às 18:58
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A Suíça rejeitou hoje, em referendo, a atribuição do Rendimento Básico Incondicional e uma iniciativa de defesa dos serviços públicos que representava um corte significativo nos salários de muitos gestores.

 

Se a rejeição do Rendimento Básico Incondicional (uma espécie de rendimento mínimo para todos) era já de alguma forma esperada, havia dúvidas sobre a questão dos serviços públicos.

 

76,9% dos votantes manifestaram-se contra a proposta do rendimento mínimo para suíços e estrangeiros legais no país há pelo menos cinco anos. A iniciativa pró serviços públicos foi rejeitada por uma margem menor, mas ainda assim próxima dos 70%,

 

CEO da Swisscom ficava a ganhar 25% do salário

 

Caso tivesse sido aprovada, a iniciativa de defesa dos serviços públicos do país iria reduzir de forma substancial os salários de muitos gestores de empresas públicas (estima-se cerca de 7 mil só em três empresas), pois nenhum trabalhador de uma companhia participada pelo estado poderia auferir um rendimento superior ao de um ministro do país.

 

No caso do CEO da Swisscom, operadora de telecomunicações do país, implicava um corte no salário para 25% do valor actual. Os salários dos gestores da SBB (operadora de caminhos de ferro) e da Post (correios) também seriam cortados de forma substancial, pois passariam a estar limitados a 475 mil francos suíços.

 

Esta iniciativa que foi rejeitada pelos suíços pretendia ainda acabar com os subsídios entre empresas públicas e impedir as companhias que prestam serviços públicos de obter lucros nessas actividades.

 

Em reacção aos resultados do referendo, a Swisscom, que é detida em 515 pelo estado, congratulou-se com o sentido de voto e o ministro dos Transportes do país elogiou os suíços por não terem ficado seduzidos pelo nome de iniciativa, dando um "sinal de maturidade política".

 

A Suíça é vista como um país "amigo" das empresas, o que poderia ficar ameaçado caso tivesse sido outro o sentido de voto. Daí que também o responsável do segmento de acções do banco Kepler Cheuvreux tenha referido à Bloomberg que "é um alívio para as empresas e para a reputação da Suíça", pois "reforça o estatuto do país como um lugar favorável para fazer negócios".   

 

RBI custava 22 mil milhões de euros por ano

 

Os apoiantes do Rendimento Básico Incondicional (RBI) defendiam que a medida iria ajudar a combater a pobreza e a desigualdade e sugeriam o pagamento mensal de 2.300 euros a um adulto e 585 euros por cada criança.

 

Contudo, assinala a Lusa, tais quantias dificilmente iriam cobrir necessidades básicas de vida, uma vez que a Suíça é um dos países mais caros, onde o rendimento médio ronda os 5.000 euros mensais.

 

As autoridades estimaram que seriam necessários, adicionalmente, 22 mil milhões de euros anuais para assegurar esta prestação, o que implicava cortes profundos nas despesas ou aumento de impostos.

 

Os promotores do rendimento mínimo para todos, independentemente de trabalharem ou não, e que substituiria os vários benefícios sociais existentes na Suíça, não se deixaram abater pela derrota, insistindo que o seu principal propósito foi lançar o debate.

 

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