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Em Espanha o primeiro debate eleitoral foi entre jovens que querem mudanças

À falta de Mariano Rajoy, o primeiro debate eleitoral para as legislativas de 20 de Dezembro serviu para mostrar as alternativas políticas protagonizadas por três políticos jovens. Foi um debate duro e enérgico.

Reuters
01 de Dezembro de 2015 às 11:04
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Catalunha e integridade territorial, desemprego, corrupção e terrorismo foram os temas que marcaram o primeiro grande debate, transmitido via internet, entre três dos quatro principais concorrentes às eleições gerais espanholas, agendadas para 20 de Dezembro. Três porque o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, líder do PP, faltou ao debate organizado pelo El País para se guardar para momentos mais "importantes" como o frente-a-frente com o líder do PSOE, Pedro Sánchez.

 

Em seu lugar, Rajoy tentou enviar Soraya Santamaría, vice-presidente do Governo espanhol. Contudo, a organização do debate rejeitou a sua participação, tendo o debate contado apenas com Sánchez, Albert Rivera, líder do Cidadãos, e Pablo Iglesias, do Podemos. Pedro Sánchez foi o único a tentar capitalizar a "ausência" de Rajoy, que "assim tem estado nos últimos quatro anos devido à sua inacção política e negligência".

 

Um dos temas previsivelmente polémicos, embora não necessariamente fracturante entre unionistas, era a questão da Catalunha num momento em que o Parlamento da região autonómica aprovou uma moção que estabelece "o início do processo de criação do Estado catalão independente". Foi este o tema que gerou maior tensão entre os candidatos.

 

Os três líderes representam três ideias distintas sobre como resolver o diferendo catalão. O líder do PSOE reiterou a necessidade de se "caminhar para uma Espanha federal" e defendeu uma reforma constitucional que actualize Espanha aos tempos de hoje porque "muita coisa mudou desde 1978".

 

Já Rivera preferiu falar na importância de se "reformar Espanha" e combater as tendências independentistas visíveis não apenas na Catalunha. Para justificar a necessidade de se combater o independentismo, Albert Rivera sublinhou que as sondagens garantem a maioria dos votos a partidos unionistas, mesmo na Catalunha.

 

Pelo seu lado, Pablo Iglesias quer um referendo à escocesa sobre a independência da Catalunha e aposta numa Espanha plurinacional que contemple o direito à autodeterminação. Ponto que mereceu fortes críticas de Sánchez, com o líder socialista a recordar a Iglesias que nenhum país contempla o direito à autodeterminação, tendo apontado como último exemplo a União Soviética.

 

Mesmo não estando presente, Rajoy foi recordado a propósito desta questão. Pedro Sánchez lembrou que foi a política de Rajoy a motivar muito do descontentamento canalizado para sentimentos independentistas, enquanto Iglesias colocou a par Rajoy e Artur Mas, presidente em funções do Governo catalão, ambos coniventes com a corrupção, acusou. Como esperado, Iglesias focou-se no fenómeno da corrupção que descreveu como um dos piores males de Espanha.

 

Rivera e Iglesias contra Sánchez

 

Ao longo das duas horas de debate, foi comum ver os líderes do Cidadãos e do Podemos contra o secretário-geral do PSOE, colocado entre os outros dois candidatos, e acusado de oferecer "o mesmo" que o PP de Rajoy. Com Rivera a apontar o dedo ao PSOE por ter feito de Espanha a campeã do desemprego e por pugnar pelo bipartidarismo espanhol, apesar dos casos de corrupção que envolveram várias figuras de peso do PP.

 

Também Pablo Iglesias apontou baterias ao PSOE e à alternância de ministros socialistas entre a política e o mundo empresarial. Houve também um momento em que Iglesias e Sánchez se juntaram para empurrar Rivera e o Cidadãos para o espectro "das direitas".

 

Um tema que não mereceu grandes discordâncias foi a necessidade de unidade no combate ao terrorismo. Rivera sustentou ser preciso deixar claro que essa "não é uma guerra ilegal e injusta, nem sequer pelo petróleo, é uma guerra contra os terroristas" e Iglesias pediu "unidade para combater o terrorismo jihadista". Já Pedro Sánchez disse a França que "pode contar com a solidariedade dos socialistas, que sempre acharam que temos de estar unidos contra o terrorismo".

 

A economia e, em concreto, o emprego foi outro dos temas que elevou a tensão no debate. Sánchez acusou Rivera de apoiar a reforma laboral prosseguida pelo actual Governo conservador e garantiu que a direita quer avançar com o "contrato único", o que representa "a universalização da precariedade no nosso país". O líder socialista acusou ainda o líder do Cidadãos de defender a lógica de que "se querem despedir, ao menos vai custar-lhes despedir". Parcialmente ausente deste debate, o líder do Podemos defendeu que "quando se investe no emprego, consegue criar-se emprego".

 

Numa coisa todos concordaram: é preciso mudar Espanha. Todos divergiram, porém, sobre quem tem condições para ser o protagonista dessa mudança. Mas para já é ainda muito difícil prever quem sairá vencedor das eleições gerais de 20-D. Uma sondagem da Metroscopia para o El País, publicada no passado domingo, colocava PP, Cidadãos e PSOE, por esta ordem, todos na casa dos 22%, logo em empate técnico. Mais atrás e bem longe da liderança conseguida nas sondagens publicadas no início de 2015, o Podemos surge na quarta posição com 17,1% das intenções de voto.

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