Há muito que Pedro Sánchez via a sua liderança no PSOE ameaçada. Esta ameaça poderá agora ser materializada nas eleições primárias dos socialistas, que deverão realizar-se em breve. Foi o próprio Sánchez que, na conferência de imprensa em que confirmou que nada poderia fazer para evitar a realização de novas eleições parlamentares, anunciou que o PSOE realizará as primárias "nas próximas semanas".

É uma oportunidade para que "qualquer companheiro ou companheira, que tenha vontade, se possa apresentar", disse Sánchez que logo avisou: "eu vou apresentar-me".

O actual líder socialista disse ainda que irá concorrer com o mesmo programa com que chegou à liderança do PSOE e garantiu que manterá a mesma atitude "depois das próximas eleições de 26 de Junho". Sánchez afiança que não vai apoiar "nem o PP, nem os independentistas".

Depois de nas eleições de 20 de Dezembro Sánchez ter obtido o pior resultado de sempre dos socialistas em eleições gerais, isto apesar de uma legislatura em que o Governo popular de Mariano Rajoy havia aplicado uma pesada dose de políticas de austeridade, o líder do PSOE ficou desde logo bastante fragilizado. 

E depois vieram as críticas dos barões socialistas à aproximação e tentativa de acordo com o Podemos, com Susana Díaz, presidente do Governo autonómico da Andaluzia, a despontar como pretendente à liderança e potencial sucessora de Sánchez.

Mas apesar de o actual líder do PSOE estar convicto de que terá "um apoio bastante amplo", as contas poderão não ser tão simples. É que o descontentamento no seio dos socialistas abrange algumas das principais figuras do partido.

Além de que as primárias estavam previstas para depois das eleições de 20 de Dezembro, a incerteza política e as negociações para a formação de Governo levaram os órgãos competentes do PSOE a garantir a Sánchez o tempo necessário à conclusão das mesmas. Tendo, porém, ficado então assente que se fossem realizadas novas eleições, o PSOE teria primárias antes das mesmas para a eventual escolha de um novo líder. 

Ao que tudo indica as primárias socialista terão lugar em meados de Maio, isto porque com a mais do que provável realização de eleições gerais a 26 de Junho, os partidos espanhóis têm de entregar listas oficiais antes do fim do mês de Maio.