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Espanha vai de novo a eleições

Ao decidir não propor nenhum candidato à investidura como primeiro-ministro, o rei espanhol confirma as expectativas: Espanha terá novas eleições gerais, tudo indica que no próximo dia 26 de Junho.

Reuters
26 de Abril de 2016 às 19:15
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A terceira e última ronda de audições feita pelo rei de Espanha, Felipe VI, aos partidos com assento parlamentar teve o final que todos antecipavam: Ninguém reúne os apoios necessários à investidura como chefe de Governo e, como tal, Espanha terá novas eleições gerais, presumivelmente no próximo dia 26 de Junho.

Depois de ouvidos os líderes partidários ao longo dos últimos dois dias, Felipe VI confirmou, em comunicado, ter constatado que "não existe um candidato [à chefia de Governo] que conte com os apoios necessários", razão pela qual o monarca espanhol decidiu não propor ao presidente do Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da República), Patxi López, um candidato à investidura como primeiro-ministro.

Ora, e de acordo com o artigo 99 da Constituição espanhola, o monarca espanhol dissolverá as duas câmaras do Congresso e avançará, após "aprovação" do presidente de Patxi López, com o agendamento de novas eleições gerais. De acordo com os prazos constitucionais, tudo indica que deverá ser escolhido o dia 26 de Junho, pouco mais de seis meses depois das eleições gerais de 20 de Dezembro do ano passado, que resultaram no Congresso mais polarizado da história democrática espanhola. É também a primeira vez que, desde a transição democrática, Espanha vai a eleições depois de não ter sido possível concretizar a formação de um Governo. 

Agora deverá ser precisamente a não formação de Governo a principal arma de arremesso entre os principais partidos espanhóis. Ou melhor, os partidos tentarão responsabilizar-se mutuamente pela incapacidade para encontrar uma solução governativa. Com eleições à vista, a troca de acusações iniciada há já várias semanas intensificou-se esta terça-feira, 26 de Abril. 

Campanha eleitoral já em curso

O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, depois do encontro com Felipe VI apressou-se a responsabilizar Mariano Rajoy, presidente do PP e primeiro-ministro ainda em funções, e Pablo Iglesias, líder do Podemos, pelo bloqueio político que impossibilitou um acordo de Governo. "Não conto com os votos suficientes [no Congresso] para desbloquear o bloqueio do PP e do Podemos", disse Sánchez que logo após a conversa com o rei confirmava que "estamos forçados a novas eleições". A investidura de Sánchez foi rejeitada por duas vezes pelo Congresso espanhol. 

Antes de Sánchez, já Albert Rivera, presidente do Cidadãos, garantia que, salvo um acordo de última hora, que o próprio avisava considerar de todo improvável, os espanhóis terão mesmo de ir novamente às urnas. Rivera lamentou também que o "acordo de legislatura" assinado com o PSOE não tenha recolhido apoios e que a proposta, feita na semana passada, de um Governo apoiado por PP, PSOE e Cidadãos, e liderado por um independente, não tenha sequer merecido a atenção dos dois maiores partidos de Espanha. 

Enquanto Sánchez quis mostrar-se mais sensato e confiável do que Rajoy e Iglesias, Rivera tentou afirmar-se como o fiel da balança entre os partidos moderados do espectro político espanhol, PP e PSOE, ou o chamado bipartidarismo, o grande derrotado do último acto eleitoral. Porque se Sánchez espera ganhar votos ao PP, quer também recuperar parte dos votos perdidos para o Podemos. E Albert Rivera mantém a intenção de conquistar votos quer ao centro-esquerda, quer ao centro-direita. 

Já Mariano Rajoy apontou baterias ao PSOE e ao Cidadãos. O líder do PP lamentou que não tenha sido possível concretizar uma grande aliança dos partidos moderados - PP, PSOE e Cidadãos - baseada na proposta que assentava em cinco pilares essenciais, em especial porque o PSOE "não quis", ignorando o mandato eleitoral atribuído pelos espanhóis que quiserem "diálogo". Rajoy criticou ainda Pedro Sánchez por querer coligar-se à vez com Cidadãos e Podemos, sendo que, como era "previsível", os "resultados estão à vista". Apontou ainda o dedo a Rivera e ao Cidadãos pela "deriva" que consistiu no apoio dado a Sánchez.


Por seu turno, Pablo Iglesias responsabiliza em grande medida o PSOE pelo falhanço na formação de um Governo "progressista e de mudança". Lamentou uma vez mais que Sánchez tenha inviabilizado uma solução "à valenciana", o mesmo é dizer um pacto entre as forças de esquerda, tal como sucedeu em Valência, onde socialistas e Podemos estão coligados. Como tal, criticou o PSOE por ter recusado a proposta de "última hora" feita esta manhã pelo Compromís tendo em vista um Governo das esquerdas. 

Ainda assim, Pablo Iglesias afiançou que o Podemos "continuará de mão estendida", à espera que o PSOE "se coloque de acordo connosco". E este connosco parece também ser chave na medida em que é cada vez mais forte a possibilidade de o Podemos se aliar à Esquerda Unida (IU, pró-comunista) nas próximas eleições. 

Os dois meses a partir da primeira tentativa falhada de investidura, prazo findo o qual o rei é obrigado a dissolver as cortes e a convocar novas eleições, começaram a contar no passado dia 2 de Março, quando Pedro Sánchez falhou a primeira tentativa de investidura. Pelo que só no próximo dia 2 de Maio é que terminam, oficialmente, os 60 dias constitucionalmente previstos para a formação de Governo. Mas todos já só pensam nas eleições.

(Notícia actualizada às 20:13)
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