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Aumento das taxas de juro em 2023? "BCE está pronto", garante governador "falcão"
O membro do Conselho de governadores do BCE, Martins Kazaks, assegurou que o banco central está pronto para agir, caso a inflação continue a aumentar.
Ninguém deve ter dúvidas de que o Banco Central Europeu (BCE) está pronto para agir, caso a inflação continue a aumentar. A garantia foi dada pelo governador do banco central da Letónia e membro do Conselho de governadores do BCE, Martins Kazaks.
"Flexibilidade é a palavra-chave. Se for necessário, estamos prontos para aumentar as taxas de juro e cortar os programas de compra de ativos", assegurou Kazaks, em entrevista à Bloomberg. O governador quis deixar claro que "faremos o nosso trabalho".
O membro do Conselho do BCE fez ainda questão de salientar que concorda com esta política decisória "de passo a passo". "Devemos ir passo a passo.Vamos ter outra previsão em março, outra em junho, e depois logo vemos o que fazer mediante os números da inflação", explicou o economista.
Em novembro, a inflação anual na zona euro atingiu 4,9%, a taxa mais elevada desde o início da série, em 1997, de acordo com os dados do Eurostat. O BCE prevê que os preços aumentem em média 3,2% este ano, e 1,8% em 2023 e 2024.
Questionado pela imprensa internacional se concordava com o governador holandês, Klaas Knot, que afirmou que as taxas de juro "devem aumentar o início de 2023", o líder do banco central letão concordou: "é um cenário possível".
Na passada sexta-feira, uma das vozes escutadas com mais atenção no Conselho de Christine Lagarde, o governador "falcão" belga, Pierre Wunsch, admitiu que o BCE "poderia ficar para trás face aos restantes bancos centrais na luta contra a inflação se não adotar uma política mais restritiva".
Fed e BoE deixam BCE para trás
Enquanto a Fed duplicou o ritmo do tapering e o Banco de Inglaterra subiu os juros, o BCE ainda está a desenhar os planos para também reduzir a sua compra mensal de dívida. "É um tapering muito cauteloso", avaliou Carsten Brzeski, global head of macro do ING, numa nota de análise às decisões dos três bancos centrais.
Em meados de dezembro, o BCE anunciou que vai reforçar o programa de compra de dívida que tem em curso para compensar o fim do envelope criado somente para a pandemia, o PEPP. Já este último, que tem o fim marcado para março, vai sofrer um prolongamento do período de reinvestimentos como forma de minimizar o impacto da retirada.
Já o Banco de Inglaterra surpreendeu ao subir as taxas de juro de referência para 0,25%. É um aumento de 0,15 pontos percentuais, numa decisão que foi apoiada por oito dos nove membros do Comité de Política Monetária (CPM). Esta é a primeira subida desde o início da pandemia.
Ambas as reuniões aconteceram depois de o presidente da Reserva Federal dos EUA ter anunciado, que o banco central vai acelerar a diminuição da compra de dívida. Indicou também que vai subir juros três vezes no próximo ano (face ao anterior guidance de duas vezes).