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"Queremos ter flexibilidade e escolhas", diz Lagarde

A presidente do BCE admite elevada incerteza e quer, por isso, quer todas as opções em cima da mesa. A compra de dívida ser, por isso, mais permeável a ajustes, enquanto uma subida dos juros no próximo ano é vista como "muito improvável".

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, oficializou a primeira revisão em 18 anos da autoridade bancária.
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Christine Lagarde quer ter margem de manobra para ajustar a compra de dívida consoante a evolução da pandemia e da retoma. A promessa foi feita pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), esta quinta-feira após a reunião do Conselho de Governadores em que anunciou a estratégia para 2022 após o fim do programa pandémico.

"A flexibilidade vai manter-se como um elemento da política monetária. Dada a incerteza, queremos ter o máximo de flexibilidade e de escolhas que possamos ter", afirmou Lagarde. O BCE anunciou que, no primeiro trimestre de 2022, vai conduzir compras líquidas no âmbito do Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP) a um ritmo mais lento do que no trimestre anterior.

Depois disso, irá descontinuar as compras líquidas no final de março de 2022, mas prolongar o horizonte dos reinvestimentos. Em simultâneo com este caminho de saída gradual, planeia também aumentar a compra de dívida do antigo programa regular (o APP) para 40 mil milhões de euros, o dobro do atual ritmo. Este montante será levado a cabo no segundo trimestre do ano e irá diminuir para 30 mil milhões no terceiro trimestre.

Lagarde classificou este percurso como uma opção pela flexibilidade devido à elevada incerteza em torno das projeções para a economia e inflação. "Vamos reavaliar e ajustar [os instrumentos de política monetária] à medida que vamos recebendo novos dados. Temos de estar muito atentos ao que os dados nos dizem", sublinhou a presidente.

Aliás, segundo Lagarde, é essa flexibilidade que irá permitir manter o apoio à Grécia. Como o país não é elegível para o APP (pois as obrigações não têm rating de investimento pelas principais agências), o BCE abriu uma exceção para comprar dívida helénica com o envelope do PEPP. Agora que vai começar a fechar esta torneira, fez questão de sublinhar que, no caso da Grécia, não ficará preso a métricas e poderá comprar mais dívida se considerar apropriado.

Subida de juros "muito improvável" em 2022
Após outubro de 2022, a compra de dívida voltará o montante atual de 20 mil milhões de euros por mês, no desenho atual feito pelos governadores. Estes dizem esperar só terminar as compras líquidas pouco antes de pretenderem começar a subir juros e pretendem ainda reinvestir a totalidade dos montantes dos ativos que atinjam as maturidades por um longo período de tempo depois de começar a subir as taxas de juro.

"Nas circunstâncias atuais, e tal como já disse antes, é muito improvável que vamos subir as taxas de juro em 2022. Isso mantém-se", garantiu Lagarde, sobre as taxas que se mantiveram 
- sem surpresa - inalteradas em mínimos históricos.

A taxa aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecem assim inalteradas em 0,00%, 0,25% e −0,50%, respetivamente.

O encontro aconteceu no mesmo dia em que o Banco de Inglaterra decidiu, de forma inesperada para os mercados, subir juros pela primeira vez desde o início da pandemia: foi uma revisão em alta de 0,15 pontos percentuais para 0,25%. Da mesma forma, também o Norges Bank aumentou esta quinta-feira o custo do dinheiro no país, sinalizando a robustez da retoma da economia.

A Reserva Federal norte-americana ainda não o fez, mas anunciou na quarta-feira uma aceleração da retirada dos estímulos e indicou que espera subir juros três vezes em 2022 (contra o anterior guidance de apenas duas vezes). Questionada sobre o crescente diferencial entre os bancos centrais, em especial entre BCE e Fed, Lagarde rejeitou comparações. "Estamos em universos diferentes", disse.
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