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Tecnoforma não elucida sobre pagamentos a Passos Coelho e promete processar membro do Governo

A Tecnoforma insistiu na ideia de que esta empresa e a Organização Não-Governamental CPPC eram “entidades distintas” e anunciou que irá instaurar processos-crime contra o jornal Público, o jornalista António José Cerejo, vários comentadores e um membro do actual Governo devido a "declarações difamatórias".

Miguel Baltazar/Negócios
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Pela voz do seu representante legal, o advogado Cristóvão Carvalho, a Tecnoforma insistiu ter somente sido o "principal mecenas" do Centro Português para a Cooperação (CPPC), deixando por esclarecer se o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho recebeu algum tipo de remuneração entre 1997 e 1999.

 

Depois de ao longo do debate quinzenal, esta sexta-feira na Assembleia da República, Passos Coelho ter assegurado não ter auferido nenhum tipo de remuneração enquanto presidente e membro do conselho fundador da CPPC, o advogado da Tecnoforma acabou por não esclarecer se o actual primeiro-ministro beneficiou de remunerações fixas da CPPC na segunda metade dos anos 90.

 

A razão invocada prende-se tão somente com o facto de a Tecnoforma e a CPPC serem "entidades distintas", garantiu o advogado da empresa de formação. Seguindo este pressuposto, a Tecnoforma limitou-se a confirmar "que o senhor doutor Passos Coelho iniciou a sua colaboração com a Tecnoforma em finais de 2011 e terminou em meados de 2007". Confirmando ainda que "neste período [Passos Coelho] foi remunerado pelos serviços prestados à Tecnoforma".

 

Este esclarecimento ganha relevo na medida em que, caso tivesse havido o pagamento de uma remuneração fixa pela CPPC a Passos Coelho, este não poderia ter beneficiado do provimento dado ao pedido que o próprio endereçou à Assembleia da Republica para que lhe fosse atribuído um subsídio suplementar de 10% do ordenado de parlamentar por ter desempenhado os dois mandatos (1991-1999) parlamentares em regime de exclusividade.

 

A Tecnoforma sustenta não poder prestar esclarecimentos sobre eventuais remunerações fixas de Passos na CPPC porque a empresa de formação se limitava a ser "o principal mecenas da CPPC", argumentando que eram duas instituições com contas separadas. Todavia, apesar de "principal mecenas" a Tecnoforma não dispõe, de momento, de informação que permita revelar em quanto financiava "ao mês" a referida ONG. Sobre se a CPPC estava, de facto, instalada na sede da Tecnoforma, o advogado apenas pôde dizer que desconhece.

 

No entender de Cristóvão Carvalho, o caso Tecnoforma representa a criação de "um monstro jurídico e de um monstro político", acusando o jornal Público e o jornalista responsável pela investigação jornalística, José António Cerejo, de "manipulação" da informação.

 

Portanto, a Tecnoforma decidiu contra-atacar, tendo mesmo anunciado que irá agir judicialmente contra "o Público, o jornalista Cerejo, vários comentadores e um membro do actual Executivo". Também neste aspecto a Tecnoforma acabou por deixar no ar dúvidas por esclarecer, aqui relativas às pessoas que serão visadas judicialmente.

 

O advogado garantiu apenas tratar-se de comentadores e de um actual governante que proferiram, em dias recentes, "declarações difamatórias" que colocam em causa o "bom nome" da empresa Tecnoforma.  

 

Se esta manhã, no Parlamento, Passos Coelho foi o mais visado nas críticas e remoques políticos, nesta conferência de imprensa foi o jornalista José António Cerejo o principal alvo. "Para que tenham noção do que esta investigação jornalística do senhor Cerejo [iniciada em 2011] causou a esta empresa, que em 2011 tinha sido avaliada por um auditor externo em 14 milhões de euros de valor de mercado, hoje vale menos de meio milhão de euros". "Isto não pode ficar impune", concluiu o representante da Tecnoforma.

 

Tecnoforma terá impedido Cerejo de participar na conferência de imprensa

 

O jornalista do Público, José António Cerejo, um dos principais visados do contra-ataque da Tecnoforma terá sido, alegadamente, impedido de aceder ao local onde decorria a conferência de imprensa pelos seguranças que se encontravam no local. As declarações aos jornalistas estavam marcadas para as 17 horas, mas Cerejo terá chegado um pouco atrasado, tendo depois sido impedido de entrar. 

 

A autorização terá apenas chegado já aquando do final da conferência, tendo ainda o jornalista Cerejo tentado colocar algumas questões ao advogado da Tecnoforma. Criou-se uma situação de alguma tensão, especialmente depois de Cristóvão Carvalho se ter recusado a responder a qualquer pergunta do jornalista do Público realçando que havia sido dada por terminada a conferência de imprensa.

 

(Notícia actualizada às 18h55m com mais informação)

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