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"Shutdown" pode estagnar crescimento dos Estados Unidos

A Casa Branca admite um "crescimento zero" dos EUA no primeiro trimestre se a paralisação parcial dos serviços federais se mantiver.

EUA – Apesar de ser o país da Apple, os EUA surgem em sexto lugar, sendo necessários 8,4 dias de trabalho para adquirir o novo iPhone.
Andrew Harrer
23 de Janeiro de 2019 às 19:00
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Os serviços públicos federais dos Estados Unidos estão parcialmente paralisados desde 22 de dezembro – ou seja, há 33 dias, naquele que é o mais longo "shutdown" de sempre no país. E o impacto, que se sente um pouco por todo o lado, está a afetar as contas do país.

Kevin Hasset, que preside ao Conselho de Assessores Económicos da Casa Branca, disse em entrevista à CNN, esta quarta-feira, que se o "shutdown" parcial do governo prosseguir até final de março, há grandes probabilidades de uma "expansão económica de zero" neste trimestre.

 

Questionado sobre se os EUA poderão registar um crescimento zero com a paralisação parcial dos serviços federais, Hasset respondeu que sim no caso de o "shutdown" se prolongar por todo o trimestre.

 

"É verdade que se tivermos um primeiro trimestre tipicamente fraco, e se o ‘shutdown’ prosseguir, poderemos acabar por ver um crescimento muito baixo ou em torno de zero", disse o conselheiro económico de Trump. Mas, sublinhou, assim que as agências federais reabram, seguir-se-á um crescimento "imenso".

 

Na semana passada, Kevin Hasset projectava, citado pelo Washington Examiner, que o "shutdown" pudesse reduzir o crescimento económico do primeiro trimestre em 0,13 pontos percentuais por semana.

 

As declarações hoje feitas por Hasset na entrevista à CNN vão ao encontro das estimativas do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, que considera que uma paralisação ao longo de todo o primeiro trimestre do ano poderá fazer eclipsar todo o crescimento económico previsto para esse período – que se estima que ultrapasse os 2,5%.

 

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) considerou na semana passada que ainda é cedo para avaliar com precisão o impacto económico do "shutdown" nos Estados Unidos, mas Guerry Rice, porta-voz do Fundo, salientou que "quanto mais durar, mais significativo será o efeito".

 

Só por si, a perda média de 5.000 dólares de salário por parte de 800.000 funcionários federais prejudica a economia, ao levar a uma redução dos gastos dos consumidores e do investimento.

 

"Os ‘shutdowns’ tendem a não fazer poupar dinheiro, ironicamente. A paralisação de 2013 custou aos contribuintes norte-americanos 2,5 mil milhões de dólares. Os funcionários que foram mandados para casa sem receberem salário durante o período de encerramento dos serviços tiveram depois de ser pagos, retroactivamente, por ‘trabalho zero’", acrescenta o mesmo jornal.

 

Com os museus, parques nacionais e até o jardim zoológico nacional fechados, a receita federal diminuiu, durante o "shutdown" de 2013, em seis milhões de dólares – dinheiro que se perdeu na cobrança de bilhetes de entrada.

Dia de decisões amanhã no Senado

 

Amanhã, recorde-se, os senadores norte-americanos irão votar duas propostas distintas que visam colocar um ponto final na paralisação parcial dos serviços governamentais do país. Mas será difícil.

 

Uma das propostas, apoiada pelo presidente Donald Trump, inclui a atribuição de um pacote de 5,7 mil milhões de dólares para o muro que o presidente quer construir ao longo da fronteira com o México (e é apoiada pelos republicanos). A outra simplesmente prolonga o financiamento, até 8 de fevereiro, das agências governamentais que estão fechadas por falta de dinheiro (e é apoiada pelos democratas).

 

As razões para o otimismo decorrem do facto de os líderes republicano e democrata no Senado, Mitch McConnel e Chuck Schumer, respetivamente, terem assumido um compromisso no sentido de tentarem solucionar o impasse que se vive no país. Se bem que ambas as propostas, na atual redação, devam falhar – sendo de esperar que a primeira enfrente mais resistência por parte dos democratas [que recuperaram a maioria na Câmara dos Representantes] –, os dois senadores afirmaram, citados pelo The New York Times, que estão prontos para tentar negociar um compromisso bipartidário.

 

Mas mesmo que o Senado aprove uma proposta e a Câmara dos Representantes (que recuperou a maioria democrata nas eleições intercalares de novembro passado e que tomou posse a 3 de janeiro deste ano) acabe por fazer o mesmo, o problema é que Trump continua decidido a usar o seu poder de veto sobre qualquer lei de financiamento aprovada no Congresso que não contemple o dinheiro que pretende para o muro com o México.

 

Esta paralisação é parcial, visto que parte do financiamento do governo federal ainda está assegurado. Com efeito, já tinha havido aprovação prévia de 75% dos fundos para o funcionamento normal dos serviços públicos.

 

Contudo, os restantes 25% dos programas federais estão sem dinheiro, pelo que se encontram encerrados. Entre estes 25% estão programas dos departamentos da Segurança Nacional, Justiça e Agricultura.

 

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