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Marcelo celebra um mês em Belém com muitos abraços a Costa

Ao fim de um mês em Belém, Marcelo já visitou o Papa e o Rei de Espanha, abriu o "seu" palácio ao público e convidou Mário Draghi para o Conselho de Estado. Pelo meio, tem cooperado com o Governo, colocando-se ao lado do primeiro-ministro em diversos temas, gerando incómodo do lado do PSD.

Bruno Simão
09 de Abril de 2016 às 09:00
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Desde que tomou posse como Presidente da República, há um mês, Marcelo Rebelo de Sousa não parou. Não só se tem multiplicado nas suas aparições em público, em claro contraste com o seu antecessor Cavaco Silva, como tem mantido uma relação cooperante com António Costa. O Presidente da República promulgou (com alguns alertas, é certo) o primeiro Orçamento do Estado do Governo em tempo recorde e concordou com a intervenção do primeiro-ministro na banca. Costa tem retribuído a cortesia e até cita os conselhos de Marcelo nos seus discursos.

 

Marcelo e António Costa não se conhecem de agora. O Presidente foi professor do primeiro-ministro na Faculdade de Direito de Lisboa, e as relações entre os dois "foram sempre boas", atestou ao jornal i a mãe de António Costa, Maria Antónia Palla. Para já, assim parece. Marcelo tem insistido na necessidade de o país ter estabilidade e, ainda em campanha para as presidenciais, validou a maioria de esquerda, colocando como condição para o Governo a viabilidade parlamentar.

 

E depois de tomar posse, o Presidente tem evitado fragilizar o Executivo de Costa. Aliás, numa questão sensível como a do controlo dos bancos portugueses, Marcelo colocou-se ao lado do primeiro-ministro. António Costa terá autorizado a entrada de Isabel dos Santos no capital do BCP após a saída do BPI, para impedir a "espanholização" da banca portuguesa, isto é, a entrada de exclusiva de accionistas espanhóis nos bancos nacionais (como sucedeu com o Santander Totta no Banif e poderia acontecer com a compra do BPI pelo La Caixa).

 

Aliás, Costa e Marcelo, segundo o Expresso, estiveram reunidos com Centeno e Carlos Costa no início de Março precisamente para "evitar dependências contrárias ao interesse nacional" na banca.

 

O Presidente demorou apenas sete dias a promulgar o Orçamento do Estado para este ano, uma "performance" que não se via desde 2006. E mesmo deixando avisos sobre os riscos de execução do Orçamento, fez questão em notar o "modelo inspirador", com notórias "preocupações sociais", vendo nele uma "solução de compromisso" que não ofende a Constituição. "A política é a arte do possível", haveria de explicar.

 

Costa aproveita "boleia"

 

O primeiro-ministro não se fez rogado. Aproveitou os apelos à estabilidade que Marcelo tem feito e até os incluiu no discurso que fez na apresentação do Plano Nacional de Reformas, para tentar obter o apoio do PSD. "A resolução dos problemas estruturais requer, como disse ontem o senhor Presidente da República, estabilidade nas políticas, estabilidade na estratégia e estabilidade nos objectivos", afirmou.

 

Passos Coelho não tem escondido que não aprecia particularmente a cooperação entre Belém e São Bento, nem mesmo os apelos à estabilidade e ao compromisso lançados pelo Presidente. É preciso lembrar que o líder do PSD discordou da estratégia para a banca de António Costa, condenando a intervenção no sector. No congresso do PSD do passado fim-de-semana, Passos lembrou ao "doutor Rebelo de Sousa" que "ter divergências não é desunir", colocando-se à margem dos consensos pedidos.

 

Uma agenda intensa e original


Desde que tomou posse, a 9 de Março, anota a agência Lusa, Marcelo Rebelo de Sousa teve agenda todos os dias, menos nos domingos e no feriado de Sexta-feira Santa. Recebeu em Belém cerca de 30 representantes de entidades e visitou uma dúzia de instituições, quase todas no distrito de Lisboa.
 

Logo no primeiro dia, mostrou que seria um Presidente diferente. Quando tomou posse,chegou a pé ao Parlamento e sem a família. Depois, decidiu também depositar uma coroa de flores no túmulo de Vasco da Gama, além do de Camões. Participou numa cerimónia ecuménica na Mesquita de Lisboa e fechou o primeiro de três dias de celebração da tomada de posse com um concerto na praça do município em que participaram Pedro Abrunhosa e Anselmo Ralph.

 


Mas também quis mostrar que "Portugal não é só Lisboa" e dedicou um desses três dias, o último, à cidade do Porto. Marcelo visitou o bairro do Cerco, um dos mais degradados da Invicta, e foi recebido ao som de hip-hop.


Marcelo Rebelo de Sousa no bairro do Cerco
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Marcelo Rebelo de Sousa no bairro do Cerco

No dia seguinte, abriu o Palácio de Belém à população e recebeu os visitantes, cumprimentando-os um a um. Formaram-se filas enormes à entrada da residência oficial.

 

Na primeira viagem oficial, Marcelo foi ao Vaticano encontrar-se com o Papa Francisco, só depois seguindo para a tradicional visita a Espanha, que é habitualmente a primeira que os Presidentes da República fazem.

No primeiro Conselho de Estado do seu consulado em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa convidou Mário Draghi para fazer "uma exposição sobre a situação económica e financeira europeia". O Presidente aproveitou a oportunidade para almoçar com Draghi, António Costa, Carlos Costa e Mário Centeno.

Mas o Presidente não se envolve apenas em grandes eventos. Por exemplo, decidiu aderir à campanha em curso no Museu Nacional de Arte Antiga para comprar a obra "A Adoração dos Reis Magos", de Domingos Sequeira, com uma contribuição de 150 euros.

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