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Draghi: "Os desafios à coesão europeia aumentaram" desde Fevereiro

O Presidente do BCE diz que recuperação ainda depende dos estímulos monetários, e sublinha a urgência de uma resposta coesa dos governos com mais estímulos orçamentais e aceleração da reestruturação da banca.

Reuters
21 de Novembro de 2016 às 18:11
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O BCE antecipa uma continuação da recuperação lenta da actividade económica e da inflação na Zona Euro, mas que considera apenas possíveis devido ao estímulo inédito que o BCE dá e terá de continuar a dar à economia da Zona Euro. É por isso urgente uma resposta mais rápida dos governos, com mais estímulos orçamentais, mais reformas estruturais, e uma aceleração da recuperação dos bancos. Esta foi a mensagem que Mario Draghi levou ao Parlamento Europeu a 21 de Novembro na audição ao abrigo do relatório anual de 2015, salientando que os desafios à coesão europeia aumentaram ao longo de 2016.

"Durante a nossa troca de ideias em Plenário em Fevereiro eu disse que a coesão da Europa estava a ser testada. Desde então os desafios aumentaram", afirmou o Presidente do BCE perante uma câmara onde foram frequentes as mensagens de preocupação com o futuro da Zona Euro e com efeitos secundários das medidas de estimulo do BCE. Com o Brexit no Reino Unido, a eleição de Donald Trump nos EUA, e os receios de derivas populistas no Continente Europeu presentes na mente da maioria dos responsáveis europeus, Draghi sublinhou que "é agora mais importante e necessário do que nunca que a Europa responda de forma coesa e decidida aos desafios que enfrenta".

Na sua intervenção, o Presidente do BCE defendeu que os estímulos da autoridade monetária continuam a ser necessários, e que a recuperação lenta da economia e da inflação só é possível pelas medidas não convencionais. Para os que defendem um abrandar dos estímulos em Frankfurt, Draghi lembra que a inflação subjacente (a que desconta os efeitos do preço do petróleo e dos alimentos) continua sem uma recuperação evidente, sinalizando que na próxima reunião, a 8 de Dezembro, o BCE deverá pelo menos prolongar o programa de compra de títulos que continua ao ritmo de 80 mil milhões de euros por mês.

Na sua última reunião de política monetária, o BCE manteve a taxa de juro central em 0%, e taxa de depósitos em -0,4%. Entretanto foram conhecidos mais dados sobre a Zona Euro. No terceiro trimestre, a economia da moeda única cresceu 0,3% em cadeia e 1,6% em termos homólogos de acordo com dados preliminares do Eurostat. A inflação em Outubro ficou em 0,5%, acelerando de 0,4% em Setembro.

"Suportada pela nossa política monetária, a recuperação está a sustentar-se. Também esperamos que a inflação continue a aumentar nos próximos meses", afirmou Draghi, que acrescentou de seguida que "ao mesmo tempo, não estamos a ver um fortalecimento consistente das dinâmicas de preços subjacentes", uma declaração que lembra que o aumento da inflação resulta em grande medida da estabilização do preço do petróleo face aos valores historicamente baixos de há um ano.

"O regresso da inflação ao nosso objectivo [de 2% no médio prazo] ainda depende da continuação do actual nível de apoio monetário sem precedentes" afirmou Draghi, garantindo que "é por esta razão que permanecemos comprometidos a preservar" os estímulos monetários necessários, afirmou na sua declaração inicial.

Perante a preocupação de vários deputados sobre os riscos da política monetária com demasiados estímulos e juros baixos por demasiado tempo, Draghi garantiu que não há sinais de bolhas em vários mercados e que as taxas de juro negativas, embora pesem sobre a rendibilidade dos bancos, têm ainda mais vantagens do que desvantagens. Resumindo, a estabilidade financeira não está em causa pelas política do BCE que, no seu entender, continua a ser essencial para a recuperação.  

O presidente do BCE seguiu depois para defender há "desafios estruturais que estão a travar uma dinâmica mais expansiva da economia da Zona Euro", considerando que "as políticas correctas precisam de ser desenhadas para lidar com as vulnerabilidades e desafios existentes", elencando três áreas de actuação: mais flexibilidade, mais estímulos orçamentais onde possível, e uma recuperação mais rápida da banca por reestruturação de créditos de má qualidade e racionalização das instituições bancárias.
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