O Banco Central Europeu (BCE) manteve hoje a sua taxa directora inalterada nos 3,25%, depois da inflação da Zona Euro ter voltado a acelerar em Janeiro, diminuindo o espaço de manobra da instituição em termos de política monetária.

A decisão de hoje foi de encontro às expectativas dos analistas, que acreditam na possibilidade de subida do preço do dinheiro nos próximos meses, para combater os efeitos dos aumentos salariais na inflação.

O índice de preços no consumidor (IPC) harmonizado da Zona Euro acelerou em Janeiro para os 2,5%, registando a primeira subida em oito meses, depois de se ter situado nos 2,1% no último mês do ano passado.

A subida de ritmo da inflação em Janeiro ficou a dever-se à subida dos preços no sector da alimentação e aos arredondamentos por excesso feitos pelos retalhistas após a entrada em circulação do euro.

Esta progressão poderá ter impacto nos aumentos salariais, colocando pressão adicional na inflação para os próximos meses. O presidente do BCE, Wim Duisenberg, já alertou para a necessidade de existir moderação salarial este ano, sob pena daquela instituição subir as taxas de juro.

A meta do BCE para a inflação da Zona Euro situa-se nos 2%, um nível que já não é atingido há mais de ano e meio. A autoridade monetária europeia acredita que em 2002 este indicador irá atingir os valores pretendidos.

Duisenberg anunciou entretanto que vai abandonar a presidência do BCE em Julho de 2003, dois anos antes do término do seu mandato, concretizando uma intenção que já havia manifestado ao assumir o cargo, em 1998.

Em 2001, o BCE cortou a sua taxa directora num total de 150 pontos base, para os actuais 3,25%, na tentativa de contrariar a tendência de abrandamento da economia na Zona Euro.

A Comissão Europeia estima que nos primeiros três meses deste ano, o produto interno bruto (PIB) da Zona Euro deverá crescer entre 0,1% e 0,4%. Estes números comparam com a evolução entre uma queda de 0,3% e uma subida de 0,1% prevista para o trimestre anterior.

A descida dos juros costuma impulsionar o crescimento económico, mas pode provocar também o aumento das pressões inflacionistas, devido ao aumento da procura, com os consumidores e empresas a poderem recorrer a financiamentos com custos mais baixos.