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Banco de Portugal menos otimista estima PIB a crescer menos este ano
Banco central mostra-se menos otimista para a economia, prevendo que cresça 1,6% este ano, abaixo dos números avançados pelo Governo. Mas inflação deve chegar aos 2% já em 2025. Instituição deixa um recado: crescimento assente no consumo privado é "menos virtuoso".
O Banco de Portugal piorou as suas projeções para a economia portuguesa, esperando agora que o PIB cresça 1,6% este ano e 2,1% no próximo. A revisão em baixa para este ano é acentuada e coloca a economia a crescer menos do que prevê o Governo.
No Boletim Económico divulgado nesta terça-feira, 8 de outubro, o banco central revê em baixa as suas estimativas de crescimento económico para este ano e para o próximo. Agora, estima que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,6% este ano e 2,1% em 2025, menos 0,4 décimas e 0,2 décimas do que o antecipado em julho, respetivamente.
O ritmo de crescimento esperado pela instituição liderada por Mário Centeno fica abaixo do antecipado pelo Governo, que nos pressupostos que apresentou aos partidos nas reuniões de discussão da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2025, contava com um ritmo de crescimento de em torno de 2% este ano e no próximo. Ao mostrar-se menos otimista do que o Governo para este ano, o banco central sinaliza que o executivo pode ter um ponto de partida menos favorável em 2025.
"A evolução recente da atividade foi mais fraca do que o esperado, projetando-se uma aceleração no final do ano", explica o banco central. Depois de uma quase estagnação no segundo trimestre (a economia cresceu 0,2% face aos três meses anteriores), o BdP antecipa que, no terceiro trimestre, "o crescimento deverá permanecer baixo de acordo com os indicadores de conjuntura disponíveis", refletindo um abrandamento das exportações e do consumo privado.
No quarto trimestre e arranque de 2025 projeta-se um "um maior crescimento do PIB", devido à recuperação das exportações associada à aceleração da procura externa e ao maior dinamismo do turismo. "Também se deverá observar uma aceleração do consumo privado, em consonância com a melhoria da confiança das famílias e a evolução do rendimento disponível", descreve.
O BdP explica também que o crescimento da atividade em 2024 "é sustentado pelo consumo privado e pelas exportações" e que a aceleração da economia em 2025 e 2026 vai refletir aumentos de consumo e "melhores perspetivas para o investimento".
Mas a instituição liderada por Mário Centeno deixa um recado: "A maior sustentação do crescimento na componente do consumo privado é menos virtuosa para a sustentabilidade da economia portuguesa".
Por outro lado, o investimento abranda em 2024 - o BdP espera agora que cresça apenas 0,8% este ano, depois do avanço de 3,3% no ano passado -, mas acelera nos anos seguintes, com o alívio das condições financeiras, a melhoria das perspetivas globais e o estímulo dos fundos europeus.
"O crescimento das exportações reflete o contexto de normalização dos padrões de consumo globais, e a aceleração das exportações de bens. O turismo, apesar de abrandar, continuará a crescer acima do total das exportações", afirma.
Inflação nos 2% já no próximo ano
Por outro lado, o banco central mostra-se mais otimista quanto à evolução dos preços, esperando agora que a inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) desça para os 2% já no próximo ano.
Assim, pelas contas do banco central, Portugal deverá atingir o objetivo de estabilidade de preços mais cedo do que a média da Zona Euro, já que o Banco Central Europeu (BCE) espera que isso aconteça no conjunto dos 20 países da moeda única apenas em 2026. No próximo ano, o ‘staff’ do BCE ainda estima uma inflação de 2,2%.
De acordo com o Boletim Económico, o IHPC deve fixar-se nos 2,6% este ano, ligeiramente acima do previsto em junho, descendo para os 2% em 2025 e mantendo-se nesse nível em 2026. O BdP explica que esta melhoria reflete a "desaceleração dos custos salariais e as pressões externas moderadas".
No último Boletim Económico, o banco central esperava que a inflação ficasse nos 2,5% este ano e nos 2,1% em 2025.