Notícia
Banco de Portugal espera mais crescimento económico e menos inflação este ano
Instituição liderada por Mário Centeno espera agora que a economia cresça 2% este ano e que os preços subam 2,4%. Mas avisa: instabilidade política pode prejudicar crescimento.
O Banco de Portugal (BdP) melhorou as suas estimativas de crescimento da economia e da subida de preços este ano, esperando agora que o PIB cresça 2% e que a inflação abrande para 2,4%. O otimismo alarga-se até 2026, mas o banco central avisa que a instabilidade política é um risco.
No Boletim Económico divulgado nesta sexta-feira, 22 de março, a instituição liderada por Mário Centeno mostra-se mais otimista para a evolução da economia até 2026. Embora antecipe um abrandamento do PIB este ano, a estimativa que o banco central apresenta agora para este ano coloca a economia a crescer bem mais do que o previsto. Se em março antecipava que o PIB crescesse 1,2% - um forte travão face ao ritmo de 2,3% registado em 2023 -, o BdP estima agora que a economia engorde 2%. O abrandamento mantém-se, mas é bem menos expressivo.
A revisão em alta das previsões mantém-se até 2026, com o PIB português a crescer 2,3% em 2025 e 2,2% no ano seguinte (mais 0,1 e 0,2 pontos percentuais do que o estimado no Boletim Económico de dezembro).
Além disso, o BdP afirma que Portugal vai continuar a convergir com a Zona Euro. "A atividade económica deverá continuar a apresentar um crescimento superior ao da área do euro, com um dinamismo próximo do potencial, não obstante um enquadramento caraterizado por um crescimento da procura externa mais fraco e condições financeiras mais desfavoráveis face aos dos anos anteriores à pandemia", descreve a instituição.
Em causa estão dois principais fatores: subida de rendimento disponível real e fundos europeus. Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, o aumento do consumo privado, que cresce em média 1,9% até 2026, à boleia de um aumento do rendimento disponível real das famílias (que cresce 4% este ano). A justificar está a descida da inflação e as expectativas da redução das taxas de juro, da "dinâmica dos salários e das prestações sociais" e da redução dos impostos diretos", escreve o BdP.
Depois, o crescimento do investimento - que sobe 3,6% este ano e 4,8% em média entre até 2026. Em causa está a recuperação da procura global, o alívio gradual das condições de financiamento e a "maior execução financeira do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de outros fundos europeus".
Por fim, escreve o BdP, "as exportações mantêm-se como um dos principais motores do crescimento da economia". Sobem, em média, 3,6% em 2024-26 e dão um contributo de 0,9 pontos percentuais para a variação média do PIB neste período. Ou seja, são responsáveis por pouco menos de metade do crescimento da economia em três anos.
O otimismo alarga-se também à inflação (medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, o indicador que é usado pelo Eurostat e BCE, e que compara os Estados-membros da União Europeia). O banco central espera agora que a subida de preços cresça 2,4% este ano, um aumento inferior ao de 2,9% esperado anteriormente. Para 2025 mantém que a taxa de inflação seja de 2% - o objetivo de médio prazo do BCE - e em 2026 espera que baixe ligeiramente, para 1,9% (0,1 pontos abaixo do estimado em dezembro).
Incerteza política pode prejudicar crescimento
No boletim económico, o Banco de Portugal assume que há riscos que podem fazer com que o crescimento seja, afinal, mais baixo do que o previsto agora. Entre os riscos de origem externa que podem restringir o crescimento do PIB estão relacionados com uma escalada das tensões geopolíticas e o seu impacto sobre a confiança, os fluxos comerciais e os preços das matérias primas e um menor crescimento da procura, descreve o banco central.
"Mantêm-se os riscos de origem interna associados a um cenário de incerteza na condução da política económica e atrasos dos fundos europeus", avisa a instituição liderada por Mário Centeno.
Quanto à inflação, o BdP diz que os riscos estão equilibrados - se por um lado a subida de preços pode ser superior ao esperado, devido a perturbações nos mercados energéticos, esse aumento pode ser mitigado pelas decisões de política monetária.