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Voltar a descer juros em outubro? “Dados mostram que cinco semanas não é pouco tempo”, diz Centeno
Inflação mais baixa e contração na Alemanha sinalizam necessidade de descer taxas de juro já em outubro. Dados "vieram dar-me razão", afirma governador do Banco de Portugal.
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, admite que se volte a baixar as taxas de juro já em outubro, considerando que os últimos dados sobre a inflação na Zona Euro e a economia alemã sinalizam a necessidade de aliviar a política monetária.
"Temos tido um conjunto de dados que trouxeram surpresas. Em setembro já sabíamos que ia ser mais baixa, mas foi mais baixa do que se previa. E tivemos a confirmação da entrada em território negativo da Alemanha. Vieram dar razão a uma frase que eu disse: cinco semanas não é pouco tempo", defendeu Mário Centeno.
O governador do BdP respondia assim a questões sobre se o BCE deve descer taxas de juro na reunião da próxima semana, numa altura em que Portugal, por exemplo, já deve convergir para o objetivo de médio prazo da inflação em 2025 (descendo a inflação para 2%).
Depois de ter decidido cortar taxas de juro em 0,5 pontos percentuais em setembro, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sinalizou que não haveria novos cortes até dezembro. Aliás, os mercados apontavam como pouco provável um corte na reunião de outubro (marcada para o próximo dia 17) e como praticamente garantida uma redução em dezembro.
Na conferência de imprensa de setembro, Lagarde foi questionada sobre se cinco semanas seria pouco tempo para ter informação suficiente para voltar a descer juros. Ora, Centeno discorda. Aliás, já o tinha feito numa entrevista ao Politico, poucos dias depois da reunião do BCE de setembro.
Agora, diz que os dados lhe vieram dar razão. E que, nesse sentido, a "política monetária também tem de ser previsível", defendeu, lembrando que "o principio da tomada de decisões e que dá alguma previsibilidade é que as decisões tomam-se reunião a reunião e dependente dos dados".
É por isso que, sublinhou, os mercados inverteram a sua expectativa e sinalizam agora como mais provável uma nova descida das taxas de juro já em outubro.