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Lagarde diz que 2015 tem de ser o ano das reformas estruturais

Petróleo mais barato e uma retoma mais vigorosa nos Estados Unidos são boas notícias que não podem, porém, alimentar complacências, avisa a directora-geral do FMI.

26 de Janeiro - Lagarde

“Há regras internas na Zona Euro que têm que ser respeitadas. Não podemos criar categorias diferentes para diferentes países. Há reformas profundas que permanecem por fazer”.
15 de Janeiro de 2015 às 18:05
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Christine Lagarde, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou nesta quinta-feira que a descida do preço do petróleo e uma retoma mais vigorosa que se está a observar nos Estados Unidos são boas notícias para a economia mundial, mas não podem servir de pretexto para adiar reformas estruturais capazes de aumentar o potencial de crescimento, sem o qual a redução do desemprego e da dívida será muito mais difícil.

 

Falando em Washington perante o "Council on Foreign Relations", em vésperas da apresentação da actualização das Perspectivas Económicas Mundiais, prevista para segunda-feira, Lagarde frisou que "o preço do petróleo e a economia norte-americana não são a cura para as fragilidades profundamente enraizadas que persistem noutros quadrantes do mundo". "Demasiados países estão ainda sob o peso do legado da crise financeira, no que se inclui dívida e desemprego elevados. Demasiadas empresas e famílias estão ainda a retrair o investimento e o consumo porque estão preocupadas com o baixo crescimento no futuro".

 

Esse é o caso agora do Brasil e Rússia, países emergentes cuja descida do petróleo significará menos receitas, ao passo que a alta do dólar tenderá a agravar os balanços das empresas que, nos últimos anos, contraíram empréstimos essencialmente na divisa norte-americana que terão agora de reembolsar a um câmbio mais alto.

 

Mas os principais alertas de Lagarde vão para a Zona Euro e Japão, que "arriscam ficar presos num mundo de baixo crescimento e de baixa inflação por um período prolongado, o que tornará ainda mais difícil para muitos países do euro reduzir o desemprego e as suas dívidas públicas e privadas excessivas, o que aumentará o risco de recessão e de deflação". A directora-geral do Fundo realça que a desvalorização do preço do barril de petróleo poder dificultar ainda mais o trabalho da Zona Euro tendo em vista o estímulo dos níveis de inflação, facto "que aumenta os riscos de deflação" no bloco do euro, conclui.

 

Neste contexto, a política monetária deve ser o mais acomodatícia possível e a consolidação orçamental deve ser "o mais amiga do crescimento possível". Mas, acrescentou, "acima de tudo, os decisores políticos têm de finalmente avançar com reformas estruturais". "Deixem-me ser muito clara: mais de seis anos depois do início da Grande Recessão, demasiadas pessoas ainda não sentem a recuperação da economia. Em demasiados países, o desemprego permanece elevado e as desigualdades ampliaram-se. É por isso que precisamos de um empurrão decidido nas reformas estruturais que possa aumentar o crescimento actual e potencial".

 

Segundo Lagarde, "2015 tem de ser o ano da acção" neste domínio, o que "significa remover distorções profundas que persistem nos mercados de trabalho e de produtos". Em paralelo, a directora-geral do FMI volta a aconselhar mais investimento, em particular na Alemanha, e aconselha os países europeus a porem em marcha o mais rapidamente possível o "ambicioso" Plano Juncker, que promete viabilizar 315 mil milhões de euros de investimentos estruturantes nos próximos três anos.

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