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Há menos jovens desempregados, mas não é por terem encontrado trabalho

Entre 2008 e 2017, a zona euro perdeu quase três milhões de jovens, sublinha uma análise do FMI. Além disso, há mais jovens a estudar ou em formação.

Miguel Baltazar/Negócios
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Na Zona Euro, o desemprego entre os jovens tem vindo a baixar. No ano passado, a taxa para o conjunto da moeda única estava em 19%, um valor ainda elevado, mas bem abaixo do pico de 24% atingido em 2013. Contudo, os números mostram uma melhoria que é mais aparente, do que real, sugere o Fundo Monetário Internacional (FMI). É que não é por estarem a encontrar emprego que há menos jovens desempregados. É antes porque há menos jovens na Zona Euro e, entre os que estão na região, há uma fatia maior a estudar ou em formação.

"O declínio da taxa de desemprego jovem foi largamente justificado pela saída de desempregados da força de trabalho, em vez de pela criação de emprego", conclui o FMI, numa análise que consta do relatório sobre a economia da zona euro, feito ao abrigo do Artigo IV, publicado esta quinta-feira, 19 de Julho.

Segundo as contas do Fundo, a população jovem da Zona Euro começou a diminuir com o estalar da crise, em 2008. Durante oito anos essa tendência de redução manteve-se e só em 2016 é que os números estabilizaram. Resultado? Entre 2008 e 2017 a Zona Euro perdeu quase três milhões de jovens.

"A razão principal para a redução da força de trabalho jovem foi a diminuição das camadas jovens da população, exacerbada por menor imigração na sequência da crise", explica o FMI. Por outras palavras, o número de jovens diminuiu, por um lado, pelas tendências demográficas de envelhecimento dos países da moeda única, mas também porque menos jovens imigrantes escolheram fixar-se na Zona Euro, num momento em que a economia oferecia menos oportunidades.

Além disso, uma fatia maior dos jovens da Zona Euro optou por estudar ou formar-se, tendo deixado de procurar emprego e, por isso mesmo, deixando de contar como desempregados. O FMI diz que a "proporção de jovens a estudar subiu quase 5 pontos percentuais desde 2008, para 57% em 2017".

Durante o período mais agudo da crise a percentagem de jovens nem-nem (isto é, os que não estudam, nem trabalham, nem estão em formação) aumentou mas, com a recuperação da economia verificada entretanto, o peso dos nem-nem voltou aos níveis pré-crise em 2017.

Em Portugal, o desemprego jovem continua acima da média da Zona Euro, apesar de ter também já diminuído face ao seu pico. A estimativa preliminar para Maio aponta ainda para 20,8%, bem acima dos 7,1% estimados para o conjunto da população portuguesa.

Empregos para jovens? Quase só em part-time

"Os novos empregos criados para os jovens foram quase exclusivamente em part time", diz o FMI. Enquanto os empregos em part-time nas camadas jovens cresceram quase 10%, os empregos a tempo inteiro não aumentaram. Olhando para a população adulta, o aumento do emprego foi mais equilibrado, nota o relatório.

Além disso, há também uma proporção maior de contratos temporários entre os jovens, o que os torna trabalhadores mais vulneráveis em períodos económicos recessivos.

Como consequência de terem empregos mais precários, os jovens ficam também menos protegidos por apoios sociais, uma vez que estes dependem do cumprimento de critérios relacionados com a duração do emprego. "A percentagem de jovens desempregados a receber subsídios de desemprego diminuiu desde 2007 e é substancialmente mais baixa do que a dos trabalhadores mais velhos", lê-se no relatório, que avisa ainda que "o número de jovens em risco de pobreza continua a aumentar na zona euro".
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