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10 anos depois, economia portuguesa supera a crise

No terceiro trimestre deste ano, a economia portuguesa superou a dimensão que tinha antes da crise. O pico anterior tinha sido registado no terceiro trimestre de 2008.

Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 17 de Novembro de 2018 às 10:00

O PIB português desacelerou no terceiro trimestre, mostrando debilidade face ao abrandamento da Zona Euro e comprometendo a meta do Governo. Contudo, atingiu-se um marco histórico: dez anos depois, a economia portuguesa recuperou e superou a dimensão que tinha em 2008, ano em que o PIB registou o seu recorde.

Esta é a conclusão das contas do Negócios aos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta semana. Para chegar a esta comparação, somou-se os quatro últimos trimestres, simulando a conta que se faz no final do ano com o volume do PIB de Janeiro a Dezembro.

Neste caso, utilizou-se o período compreendido entre o quarto trimestre de 2017 e o terceiro trimestre de 2018. Feitas as contas, o PIB atingiu os 182,9 mil milhões de euros, o que supera os 182,4 mil milhões de euros registados no terceiro trimestre de 2008. 

Ou seja, regista-se um recorde histórico exactamente dez anos depois do anterior pico. A crise começou a ter efeitos em 2009 e, apesar da excepção de 2010, a economia afundou até ao terceiro trimestre de 2013 - altura em que atingiu um mínimo de 2000. Desde então o PIB tem vindo a recuperar e atingiu no terceiro trimestre de 2018 um novo pico. 

A confirmar-se que o PIB cresceu 0,3% em cadeia (de um trimestre para o seguinte), a produção da economia portuguesa no terceiro trimestre atingiu um máximo histórico em que supera pela primeira vez os 46 mil milhões de euros.
Já esta sexta-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, assinalava no Parlamento que no segundo trimestre a economia tinha produzido "mais do que em qualquer outro trimestre", uma afirmação corroborada pelos números. 

Ressalve-se que estes dados correspondem ao produto interno bruto (PIB) em volume, isto é, descontando a variação dos preços. Ou seja, este dado permite perceber exactamente se a economia está ou não a produzir mais (quantidades transaccionadas entre agentes económicos), independentemente da evolução da inflação.

Além disso, um alerta: estas contas têm como base a estimativa rápida divulgada pelo INE esta quarta-feira, 14 de Novembro, a qual pode vir a ser revista nas contas nacionais trimestrais que serão divulgadas a 30 de Novembro. 

Turismo duplica e investimento desilude

Esta recuperação já era esperada pelo Banco de Portugal no Boletim Económico de Junho deste ano. "Em 2018, o PIB deverá aumentar ligeiramente acima do estimado para o conjunto da área do euro, alcançando o nível observado antes da crise financeira internacional", assinalava o banco central. Poucos meses depois, confirma-se o veredicto, mas impõe-se uma questão: a composição da economia nacional é igual?

O estudo do Banco de Portugal conclui que não. Houve, de facto, transformações estruturais na economia portuguesa. A principal alteração é o peso do comércio internacional de bens e serviços. Estima-se que em 2020 as exportações estejam 67% acima do nível registado em 2008. A componente de turismo será o dobro do valor pré-crise. 

Já o investimento desilude. O investimento empresarial, por exemplo, só recuperará o nível pré-crise no final do próximo ano. E, mesmo assim, em 2020, o investimento total da economia portuguesa estará ainda 10% abaixo do valor registado em 2008. Porquê? O Banco de Portugal diz que esta evolução reflecte uma "diminuição do investimento público e do investimento residencial". 

E quanto aos factores? O principal contributo para a recuperação pós-2013 veio do factor trabalho, ou seja, do emprego per capita. Também relevante, mas com um contributo menor está o capital humano. O factor capital teve um contributo muito diminuto. O factor produtividade deu um contributo negativo nos últimos anos, mas o Banco de Portugal prevê que inverta essa tendência até 2020. 

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