Notícia
10 anos depois, economia portuguesa voltará em 2018 aos níveis pré-crise
As contas do Banco de Portugal apontam que, após cinco anos fora da recessão, a economia portuguesa vai atingir o nível pré-crise em 2018. Mas a estrutura do PIB mudou muito nestes 10 anos.
A economia portuguesa deverá atingir em 2018 a dimensão que tinha em 2008. As contas são do Banco de Portugal que manteve no Boletim Económico de Junho as projecções para a evolução do PIB português que tinha feita em Março. A concretizar-se, isto significa que Portugal "perdeu" 10 anos de desenvolvimento económico. Mas a estrutura da economia é agora diferente.
"Em 2018, o PIB deverá aumentar ligeiramente acima do estimado para o conjunto da área do euro, alcançando o nível observado antes da crise financeira internacional", afirma o Banco de Portugal no comunicado do Boletim Económico de Junho. No período considerado, o PIB contraiu de 2009 a 2013, com uma excepção em 2010. Essa contracção de apenas três anos precisou de seis anos de crescimento para ser compensado. Ou seja, o dobro dos anos.
No ano em que a economia portuguesa recupera os níveis pré-crise, o Banco de Portugal estima que o PIB cresça 2,3%, o mesmo valor projectado pelo Ministério das Finanças. Contudo, estas duas entidades divergem no que ocorrerá nos próximos dois anos com o banco central a estimar uma maior desaceleração para 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020, próximo do que é projectado para a Zona Euro.
Turismo duplica e investimento desilude
O principal contributo para a recuperação pós-2013 veio do factor trabalho, ou seja, do emprego per capita. Também relevante, mas com um contributo menor está o capital humano. O factor capital teve um contributo muito diminuto. O factor produtividade deu um contributo negativo nos últimos anos, mas o Banco de Portugal prevê que inverta essa tendência até 2020.
A economia irá atingir o mesmo nível, mas a sua composição é a mesma? Os dados do Boletim Económico de Junho do Banco de Portugal permitem concluir que não. A principal alteração é o peso do comércio internacional de bens e serviços. Estima-se que em 2020 as exportações estejam 67% acima do nível registado em 2008. A componente de turismo será o dobro do valor pré-crise.
Já o investimento desilude. O investimento empresarial, por exemplo, só recuperará o nível pré-crise no final do próximo ano. E, mesmo assim, em 2020, o investimento total da economia portuguesa estará ainda 10% abaixo do valor registado em 2008. Porquê? O Banco de Portugal diz que esta evolução reflecte uma "diminuição do investimento público e do investimento residencial".
No que toca ao mercado de trabalho, apesar da contínua redução da taxa de desemprego, "o número de indivíduos empregados deverá continuar aquém do observado antes da crise financeira". Já a taxa de desemprego será inferior à média que Portugal registou nos anos que precederam a crise. Contudo, o crescimento da produtividade continuará "contido".
O Banco de Portugal projecta que em 2020, dois anos após ter atingido o mesmo nível pré-crise, a economia portuguesa situe-se "cerca de 5%" acima do nível observado antes da crise financeira internacional.
"A evolução da actividade é sustentada no dinamismo das exportações e na recuperação do investimento, a par de um crescimento moderado do consumo privado", sintetiza o boletim. Isto numa altura em que o enquadramento externo é favorável, ainda que a procura externa deva abrandar ao longo do horizonte das projecções.
De ressalvar que as projecções do Banco de Portugal não incluem a informação mais completa das contas nacionais trimestrais, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a 30 de Maio, para o primeiro trimestre. Incluem apenas a estimativa rápida para o PIB divulgada a 15 de Maio.
Mas, além das projecções, a instituição liderada por Carlos Costa também deixa recomendações. "O actual momento cíclico deve ser aproveitado para tornar a economia portuguesa mais resiliente a choques adversos, contribuindo para o aumento do crescimento de longo prazo e para a aproximação aos níveis de rendimento europeus", assinala o boletim.
O Banco de Portugal vai mais longe, argumentando que "a natureza temporária das medidas não convencionais de política monetária na área do euro e a persistência de riscos descendentes para a actividade económica reforçam a importância e a urgência de progressos estruturais nestas dimensões".
As recomendações passam pela redução do endividamento do sector público e do sector privado, na alocação do investimento aos setores mais produtivos da economia, "facilitando a incorporação de novas tecnologias e aumentando os níveis de capital por trabalhador", na melhoria das qualificações dos trabalhadores portugueses e na redução do desemprego de longa duração.
"Em 2018, o PIB deverá aumentar ligeiramente acima do estimado para o conjunto da área do euro, alcançando o nível observado antes da crise financeira internacional", afirma o Banco de Portugal no comunicado do Boletim Económico de Junho. No período considerado, o PIB contraiu de 2009 a 2013, com uma excepção em 2010. Essa contracção de apenas três anos precisou de seis anos de crescimento para ser compensado. Ou seja, o dobro dos anos.
No ano em que a economia portuguesa recupera os níveis pré-crise, o Banco de Portugal estima que o PIB cresça 2,3%, o mesmo valor projectado pelo Ministério das Finanças. Contudo, estas duas entidades divergem no que ocorrerá nos próximos dois anos com o banco central a estimar uma maior desaceleração para 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020, próximo do que é projectado para a Zona Euro.
Turismo duplica e investimento desilude
O principal contributo para a recuperação pós-2013 veio do factor trabalho, ou seja, do emprego per capita. Também relevante, mas com um contributo menor está o capital humano. O factor capital teve um contributo muito diminuto. O factor produtividade deu um contributo negativo nos últimos anos, mas o Banco de Portugal prevê que inverta essa tendência até 2020.
A economia irá atingir o mesmo nível, mas a sua composição é a mesma? Os dados do Boletim Económico de Junho do Banco de Portugal permitem concluir que não. A principal alteração é o peso do comércio internacional de bens e serviços. Estima-se que em 2020 as exportações estejam 67% acima do nível registado em 2008. A componente de turismo será o dobro do valor pré-crise.
Já o investimento desilude. O investimento empresarial, por exemplo, só recuperará o nível pré-crise no final do próximo ano. E, mesmo assim, em 2020, o investimento total da economia portuguesa estará ainda 10% abaixo do valor registado em 2008. Porquê? O Banco de Portugal diz que esta evolução reflecte uma "diminuição do investimento público e do investimento residencial".
No que toca ao mercado de trabalho, apesar da contínua redução da taxa de desemprego, "o número de indivíduos empregados deverá continuar aquém do observado antes da crise financeira". Já a taxa de desemprego será inferior à média que Portugal registou nos anos que precederam a crise. Contudo, o crescimento da produtividade continuará "contido".
O Banco de Portugal projecta que em 2020, dois anos após ter atingido o mesmo nível pré-crise, a economia portuguesa situe-se "cerca de 5%" acima do nível observado antes da crise financeira internacional.
"A evolução da actividade é sustentada no dinamismo das exportações e na recuperação do investimento, a par de um crescimento moderado do consumo privado", sintetiza o boletim. Isto numa altura em que o enquadramento externo é favorável, ainda que a procura externa deva abrandar ao longo do horizonte das projecções.
De ressalvar que as projecções do Banco de Portugal não incluem a informação mais completa das contas nacionais trimestrais, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a 30 de Maio, para o primeiro trimestre. Incluem apenas a estimativa rápida para o PIB divulgada a 15 de Maio.
Mas, além das projecções, a instituição liderada por Carlos Costa também deixa recomendações. "O actual momento cíclico deve ser aproveitado para tornar a economia portuguesa mais resiliente a choques adversos, contribuindo para o aumento do crescimento de longo prazo e para a aproximação aos níveis de rendimento europeus", assinala o boletim.
O Banco de Portugal vai mais longe, argumentando que "a natureza temporária das medidas não convencionais de política monetária na área do euro e a persistência de riscos descendentes para a actividade económica reforçam a importância e a urgência de progressos estruturais nestas dimensões".
As recomendações passam pela redução do endividamento do sector público e do sector privado, na alocação do investimento aos setores mais produtivos da economia, "facilitando a incorporação de novas tecnologias e aumentando os níveis de capital por trabalhador", na melhoria das qualificações dos trabalhadores portugueses e na redução do desemprego de longa duração.