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PS lamenta o "erro do pronto-a-vestir" na resposta da troika à crise

Pedro Marques qualifica o memorando como uma resposta errada porque decorre de uma “leitura errada da crise europeia”. E critica que tenha sido usado o mesmo modelo em todos os países, apesar de os problemas em cada um terem sido diferentes.

07 de Janeiro de 2014 às 12:36
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“Esta foi uma crise de natureza financeira, típica da livre circulação de capitais num espaço de câmbios fixos com assimetrias económicas, e que foi transformada numa crise de culpados, da culpa do sul da Europa, que por causa da natureza incorrecta da resposta se estendeu até França”, observou Pedro Marques, que interveio esta manhã numa audição parlamentar com a comitiva do Parlamento Europeu que está a avaliar a actuação da troika.

 

Para o deputado, “foram escolhidas respostas clássicas, como a promoção da desvalorização e do empobrecimento, que não deram resultados até agora, e não funcionam num contexto de câmbios fixos e Estados-nação soberanos”. Este foi o “erro do pronto-a-vestir na resposta a crise”.

 

Portugal, por exemplo, registou em 2008 o segundo crescimento da procura interna mais baixo da Europa, ao contrário da Irlanda, mas a solução foi a mesma. “Apesar de um contexto de evolução de consumo privado muito diferente, avançou-se com uma resposta de pronto-a-vestir para todos, e começou a resposta do esmagamento da procura interna”, denunciou o deputado.

 

Por outro lado, “a implementação do programa foi [feita] numa estratégia de duplicação da austeridade, quer em 2012 e 2013, mas também em objectivos do défice estrutural para 2014, que é o dobro do previsto no ‘fiscal compact’ [tratado orçamental]”. Isso resultou numa “recessão muito mais profunda, num desemprego mais profundo, em meio milhão de desempregados não subsidiados, e em falta de capacidade das famílias de apoiar esses desempregados”.

 

Reuniões dos deputados com a troika não têm consequências

 

Também o défice público, "por via da deflação e recessão, está agora no dobro [do previsto], a dívida pública está muito acima daquilo que estava previsto no início do programa", e também "por via da estratégia deflacionista, o investimento privado colapsou". Até mesmo o crédito bancário "em incumprimento está a degradar-se por via da recessão".

 

Em suma, o “modelo ‘pronto-a-vestir’, de desvalorização do vencimento, não era essencial” e causou muita emigração. “Faltou muita legitimidade democrática, muito envolvimento democrático”, acusou ainda, sublinhando que as reuniões entre a troika e os partidos no Parlamento “são apenas formais”.

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