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2017: O ano bipolar

Foi um ano de tons carregados, colorido no maior crescimento da economia em mais de uma década, na proeza de Mário Centeno ou de Salvador Sobral, na saída do "rating" lixo, na visita do Papa a Fátima. Foi também riscado a negro por duas tragédias nos incêndios, o choque frontal com a depressão do interior, o luto da perda de símbolos nacionais.

22 de Dezembro de 2017 às 10:22
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É possível definir um ano inteiro numa palavra? Quem nos governa não se inibiu. António Costa falou num "ano particularmente saboroso" - teve de se explicar melhor. Assunção Cristas respondeu com o "ano doloroso". O Presidente da República fez a síntese: "contraditório". É impossível escapar a esse estado de espírito. No Negócios decidimos chamar-lhe bipolar.

Nenhum ano é normal - seja lá o que isso for -, e nenhum é igual ao outro. Mas este foi singular no extremar das emoções. Houvesse para elas uma escala de Richter, e seriam classificadas num nível 10, as felizes e as tristes.

Tivemos a besta. A tragédia dos incêndios, a maior no país desde as cheias de 1967, o incontornável acontecimento do ano. Primeiro, pelas 110 vidas perdidas. Mas também pelas paisagens vestidas de negro, despindo aos olhos de todos a figura de um interior atrasado e abandonado.

E, no entanto, foi bestial o ânimo da economia que cresce ao ritmo mais elevado da última década, os óscares do turismo, uma febre no imobiliário coroada por uma Madonna. A imagem do país reabilitada na Europa, de contas públicas a entrar nos eixos, quase limpa dos "ratings" lixo, com juros abaixo até dos de Itália. Mário Centeno, eleito líder do Eurogrupo, é a escolha do Negócios para personalidade nacional do ano.

Tanto ganho, mas também tantas perdas. Mário Soares, dois dos maiores empresários que o país já teve - Américo Amorim e Belmiro de Azevedo -, Zé Pedro dos Xutos partiram para sempre.

Lá fora tivemos a alegria da extrema-direita perder para Macron em França e a decepção de vê-la entrar no parlamento alemão. Os nacionalismos afirmam-se, da Catalunha ao Leste da Europa. Em Angola, há um novo presidente que parece apostado em provar que é mais do que uma mudança de rosto. Já Xi Jinping foi "entronizado" no PC chinês, equiparado a Mao Tsé-Tung. E se Trump vê na China uma ameaça, o mundo viu no Presidente dos EUA uma crescente ameaça à paz.


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