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A venda do Novo Banco e outros negócios do ano em Portugal e lá fora
A venda do Novo Banco à Lone Star foi o negócio do ano de 2017. Veja quais foram os principais negócios em Portugal e lá fora.
Negócios
25 de Dezembro de 2017 às 17:00
Herdeiro do BES ainda tem riscos para o Estado
Mais de três anos depois da sua criação, após um concurso falhado e seguindo-se a vários pedidos de nacionalização, o Novo Banco foi alienado. Não na sua totalidade; apenas 75% do seu capital passou para as mãos americanas do fundo de "private equity" Lone Star. O Fundo de Resolução, que é financiado através de contribuições dos bancos a operar em Portugal, manteve 25% da instituição financeira na sua posse. Não houve lugar a pagamento, apenas foi assegurada a capitalização do banco. Entraram, no imediato, 750 milhões de euros através da Nani, que deu os 75% à Lone Star. E quase a fechar o ano a nova injecção garantiu mais 250 milhões de euros ao banco, conforme estava previsto.
Altice lança-se à Media Capital
A Altice, que em 2014 comprou a PT Portugal/Meo, avançou para a compra da empresa que em Portugal detém o canal de televisão líder, a TVI, pretendendo juntar dois gigantes no mercado nacional. Ofereceu pela Media Capital 440 milhões, garantindo que a compra não ofereceria problemas de pluralismo na comunicação social, nem de encerramento dos canais líderes a plataformas de terceiros. O que não convence os concorrentes. Uma operação que se tornou ainda mais polémica por causa da ERC que, com apenas três elementos (de um conselho de cinco), não decidiu sobre a operação, que seguiu para análise da Autoridade da Concorrência, onde ainda está.
Uma caixa capitalizada
A CGD entrou em 2017 abaixo dos mínimos exigidos pelo Banco Central Europeu. Mas já havia garantia de que seriam mobilizados fundos estatais para capitalizá-la. Foram 3,9 mil milhões de euros a entrar no banco, que ganhou em Paulo Macedo o novo presidente, após a saída de António Domingues. Nesse plano, a instituição teve de colocar dívida em investidores privados, aceitando juros de 10,75%. Está em curso a redução da rede e dos trabalhadores.
BPI passa para CaixaBank, Ulrich deixa o leme
Resolvido o impasse com Isabel dos Santos, o CaixaBank foi bem-sucedido na oferta pública de aquisição lançada sobre o BPI. Atingiu 84,5%, ficando a parceira Allianz como segunda maior accionista, com 8%. O controlo mudou. O BPI mudou de presidente executivo: Fernando Ulrich passou a "chairman" e a cadeira de CEO foi ocupada por Pablo Forero. As áreas de investimento e de seguros do BPI estão também a passar para o accionista.
EDP vende Naturgas
A EDP vendeu a Naturgas, empresa de distribuição de gás em Espanha, por 2,5 mil milhões de euros, valor que na maior parte foi utilizado para a redução da dívida da eléctrica. No mesmo dia em que anunciou a venda, a EDP lançou uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) sobre a EDP Renováveis, que no entanto não foi bem sucedida. A EDP ainda vendeu este ano à REN a Portgás por mais de 500 milhões.
A febre do imobiliário tem novos nomes
A perspectiva é de que o investimento em imobiliário comercial português possa superar os dois mil milhões de euros este ano. Depois de terem protagonizado grandes operações em anos de crise, os fundos internacionais de perfil "oportunista" - como a Lone Star ou a Blackstone - estão a voltar ao mercado, mas para vender. Do outro lado, encontram-se compradores mais especializados na área imobiliária e oriundos de uma uma vasta gama de países, como sul-africanos e mauricianos. Contudo, ao longo do último ano e meio, a maior fatia do investimento coube a investidores chineses. Os centros comerciais e os edifícios de escritórios têm reunido a preferência nesta nova fase. Até ao momento, nesta tipologia, o maior negócio foi o da compra do Forum Coimbra e do Forum Viseu pelo consórcio Greenbay-Resilient, com um cheque na ordem dos 220 milhões de euros. Algumas consultoras anteviam, com os negócios pendentes, ser possível chegar aos três mil milhões no total.
Estado com maioria da TAP
A reversão parcial da privatização da TAP, que o Governo negociou com a Atlantic Gateway de Humberto Pedrosa e David Neeleman, foi concluída. O Estado assegurou 50% da companhia e nomeou metade dos 12 administradores, entre os quais o "chairman" Miguel Frasquilho.
Impresa vende revistas
Luís Delgado, que lançou o Diário Digital ou a Time Out em Portugal e que foi jornalista, vai ficar com as revistas da Impresa, incluindo Visão, Caras e Exame. O valor do negócio não é conhecido. A Impresa anunciou a venda (ou o fecho) das revistas depois de ter falhado uma emissão de dívida.
Um grande espanhol
O Popular, após meses de pressão, foi intervencionado pelos supervisores europeus. O banco espanhol foi comprado pelo Santander por um euro. Em Portugal, a operação teve impactos, esperando-se ainda a luz verde para que o Popular Portugal seja integrado no Santander Totta.
Santa Casa no Montepio
A Caixa Económica Montepio Geral passou a poder ter accionistas. Recebeu, em Junho, 250 milhões da mutualista para ter tempo para negociar a possibilidade. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fechou um memorando para investir em até 10% do capital. Falta cumprir.
Um português ao leme do negócio do ano
Um português esteve ao leme do negócio internacional de 2017. Carlos Tavares, presidente da PSA Peugeot Citroën, conduziu a construtora automóvel francesa no negócio de compra da Opel à General Motors, que implicou reuniões com os poderosos sindicatos alemães, com Angela Merkel e Theresa May. Três anos depois assumir a liderança da PSA, Carlos Tavares voltou a estar debaixo de pressão para obter resultados, com o objectivo de colocar a Opel de regresso ao crescimento, depois da empresa ter perdido mais de 18 mil milhões de euros nos últimos 15 anos. A aquisição da alemã Opel foi anunciada em Março por um total de 2.200 milhões de euros: 1.300 milhões para comprar a Opel/Vauxhall, mais 900 milhões para comprar o braço financeiro da marca alemã. Deste negócio nasceu o segundo maior construtor automóvel europeu, apenas superado pelo grupo Volkswagen, com uma quota de mercado de 17% e receitas de 71,7 mil milhões de euros, segundo os dados de 2016.
Simpsons na Disney
A Disney acordou a compra da 21st Century Fox a Murdoch, que vai manter os canais de televisão Fox e os jornais. O negócio de 52,4 mil milhões de dólares (45 mil milhões de euros) dá à Disney a série Simpsons, além dos estúdios de cinema e dos canais Sky, Star, FX e National Geographic.
Amazon compra Whole Foods
A gigante do comércio electrónico comprou uma gigante de retalho físico por 13,7 mil milhões de dólares. Uma operação vista como parte da estratégia da Amazon de provocar mudanças no sector do retalho norte-americano, onde a empresa de Jeff Bezos tem aumentado a sua presença.
Intel compra Mobileye
Broadcom quer mesmo Qualcomm
Fez um primeiro movimento para tentar comprar a Qualcomm, mas tendo a sua oferta - avaliada em 130 mil milhões de dólares - sido rejeitada, a Broadcom voltou à carga no final deste ano. Mas desta vez já não de forma pacífica. Abriu hostilidades quando propôs a substituição de toda a administração.
Gigante nos tabacos
A British American Tobacco (BAT) seduziu os accionistas da Reynolds com um cheque de 49,4 mil milhões de dólares (46,6 mil milhões de euros), para ficar com a totalidade da empresa da qual detinha já 42%. Surgiu um novo líder nos tabacos, que associou marcas como a Lucky Strike e a Camel.