Notícia
A queda dos CTT e outras coisas que marcaram o ano nos mercados
Da queda dos CTT à descida dos juros da dívida portuguesa, foram vários os acontecimentos que marcaram o ano de 2017 nos mercados.
Um ano de mínimos nos CTT
2017 foi um ano "horribilis" para os CTT. A confirmação de que a companhia não será capaz de manter a sua política de dividendos, nem tão pouco cumprir as suas metas de resultados atirou as acções da empresa de correios para mínimos históricos. Em 12 meses, a empresa de correios perdeu 44% do seu valor de mercado.
BCP e REN reforçam capital
BCP e REN concluíram, em 2017, reforços de capital. Os motivos que levaram às duas operações foram distintos, mas os dois aumentos de capital foram concluídos com sucesso. No caso do BCP, a conclusão do reforço de capital de 1.332 milhões permitiu ao banco reembolsar o Estado e focar-se na rentabilidade, o que foi muito bem recebido pelos investidores e acelerou um forte recuperação das acções em bolsa. Já a REN aumentou o seu capital em 250 milhões de euros, para financiar a compra da Portgas. Em qualquer um dos casos, as operações estavam garantidas à partida pela participação dos maiores accionistas. O BCP sobe 46,5% em 2017, enquanto a REN é uma das poucas que desce: cai cerca de 3%.
Mota-Engil mais que duplica de valor
A Mota-Engil foi a estrela na bolsa de Lisboa. A construtora mais que duplicou de valor - dispara 129% - suportada pelo maior optimismo em torno da economia nacional e dos mercados onde a construtora actua. A companhia liderada por Gonçalo Moura Martins comunicou ainda que ganhou a adjudicação de importantes contratos, continuando a reforçar a sua carteira de encomendas.
Oi? Acções da Pharol disparam 29%
Os avanços no plano de recuperação da Oi suportou uma valorização das acções da Pharol. A antiga PT SGPS sobe perto de 29% em 2017, com os investidores a posicionarem-se para ganhar com este programa, uma vez que a empresa é a maior accionista da empresa brasileira, com cerca de 27% do capital. Ainda assim, o plano de recuperação ainda não está fechado.
Ataque de zombies continua em Lisboa
O número de empresas cotadas no índice de referência nacional continua a diminuir. O BPI foi a mais recente empresa a juntar-se ao clube de empresas que permanecem cotadas em bolsa, mas com um reduzido capital disperso, na sequência da OPA do CaixaBank. Ainda na semana passada, a Sumol+Compal votou a favor da saída de bolsa.
Juros em mínimos: Dívida portuguesa entre as mais rentáveis do mundo
2017 foi um ano de boas notícias para a dívida portuguesa. Aos bons números da economia e da execução orçamental juntou-se a saída do procedimento por défices excessivos e, finalmente, as muito esperadas melhorias de "rating". Primeiro foi a Standard & Poor's a tirar Portugal de lixo, numa decisão inesperada em Setembro. Três meses mais tarde coube à Fitch tornar-se a segunda das três grandes agências de notação financeira a avaliar positivamente a dívida portuguesa, ao melhorar o "rating" do país em dois níveis. Boas notícias que tiveram reflexo directo no comportamento dos juros de Portugal. Depois de terem começado o ano a negociar acima de 3,78%, tendo superado em Março os 4%, a "yield" a dez anos iniciou um ciclo de descidas. A taxa a dez anos segue abaixo de 1,8%, mínimos de Abril de 2015, e um valor inferior ao juro exigido pelos investidores para comprar dívida italiana, um comportamento que coloca a dívida portuguesa como a segunda mais rentável na Europa.
Bitcoin chega ao palco principal de wall street
2017 foi um ano em que praticamente todos os dias ouvimos falar da bitcoin. A mais antiga e a mais popular das moedas virtuais disparou mais de 1.700%, desde o início do ano, e chegou a superar os 19.500 dólares. Isto depois de os futuros sobre a bitcoin terem começado a transaccionar na CME Group, uma semana depois da rival de Chicago Cboe Global Markets ter introduzido derivados semelhantes sobre a volátil criptomoeda.
Cortes da OPEP ressuscitam ouro negro
Depois dos mínimos de 2016, os preços do petróleo preparam-se para fechar o ano com ganhos. A implementação de cortes de produção por parte dos principais exportadores de crude e as expectativas de recuperação da procura ajudou a matéria-prima a subir para máximos de dois anos. O Brent negoceia acima de 64 dólares por barril, com uma valorização superior a 13%, enquanto o WTI soma menos de 8% para cotar em torno de 58 dólares.
Venezuela dispara quase 4.000%
3.957,85%. É esta a valorização da praça venezuelana, em dólares. Mas, o que justifica afinal esta escalada astronómica da bolsa de Caracas? Na verdade nada. A forte valorização do índice é o reflexo da hiperinflação vivida pelo país e está a distorcer também o preço dos activos no mercado.
Tecnológicas sempre em recorde
As tecnológicas viveram um ano de euforia. As maiores empresas do sector acumularam ganhos de dois dígitos e algumas atingiram máximos históricos. Os resultados ajudaram à festa. O Nasdaq superou, esta semana, a marca dos 7.000 pontos pela primeira vez na história. Ganha quase 30%, este ano.
Amoníaco soma e segue
O amoníaco - matéria-prima usada no fabrico de fertilizante nitrogenado - tem estado a ser sustentado pela sua maior procura como nutriente das colheitas agrícolas e como material de fabrico de plásticos e fibras. Nos Estados Unidos, o amoníaco acumula uma subida de 53,3% em 2017.
Euro afasta-se do dólar
A moeda única da Zona Euro continua a ganhar valor ao dólar. Num ano em que se começou a debater a redução dos estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu (BCE), o euro sobe perto de 13% para negociar acima de 1,18 dólares. No entanto chegou a superar a barreira de 1,20 dólares.
Dois anos de euribor negativa
As Euribor, principal indexante do crédito à habitação em Portugal, voltaram a completar um ano em valores negativos. Fixaram novos mínimos históricos (-0,276% na Euribor a seis meses), mas já não há muito espaço para novas quedas. Até porque começa a perspectivar-se a inversão da política monetária.
OTRV conquistam investidores
Numa altura em que a remuneração dos depósitos continua próxima de zero, os portugueses têm vindo a procurar alternativas para as suas poupanças. Para beneficiar deste interesse, o Estado voltou a realizar três emissões de OTRV, sempre reduzindo a taxa de juro. Na última, atraiu 74 mil investidores.