Notícia
Xi Jinping: O mais poderoso líder chinês desde Mao
Xi Jinping foi considerado pela Redacção do Negócios a figura internacional de 2017
Os alicerces da liderança global demoraram décadas a serem erguidos, mas a chegada de Donald Trump à Casa Branca estendeu a passadeira (verdadeiramente) vermelha à China. Pequim tem caminhado - lenta mas assertivamente - para a posição de maior potência mundial, e a encabeçar a comitiva está Xi Jinping, o líder chinês mais poderoso desde Mao Tsé-Tung.
"É altura de ocuparmos o centro do palco mundial e dar maiores contributos para a humanidade." A frase foi dita pelo presidente chinês, no encerramento do congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que marcou o final do seu mandato de cinco anos. Talvez demasiado concentrado na potência que já não o quer ser, o mundo pode não ter dado conta de que já há outro gigante disponível para tomar o lugar cedido. Jinping sublinhou que este é o momento de tornar a China numa "força poderosa", capaz de guiar o mundo. O líder chinês espera que em 2050 o país esteja na frente do pelotão na sua força nacional e influência internacional, com uma classe média robusta, menos desigualdades entre o mundo urbano e rural e empresas inovadoras alimentadas com fontes de energia renováveis.
Se há líder com capacidade para moldar o caminho que a China percorrerá é Jinping, que usou cada minuto de 2017 para consolidar o seu poder. Uma economia longe do dinamismo da década passada, mas ainda a crescer perto de 7%, um poder diplomático em expansão, rivais apanhados em investigações de corrupção e uma oposição incapacitada por sucessivas detenções e limitações à liberdade de expressão, especialmente online.
O culminar desta acumulação de poder foi o congresso de Outubro do PCC, quando o nome de Xi Jinping foi inscrito na constituição do partido. O que significa que o seu pensamento sobre o socialismo de características chinesas passa a ser doutrina do PCC e estudado pelos militantes do partido. O único líder chinês a merecer essa honra em vida foi Mao Tsé-Tung (Deng Xiaoping também teve o seu nome inscrito, mas a título póstumo).
Esta concentração de força surge depois de décadas a aproximar a economia chinesa do rival norte-americano. Mas o empurrão decisivo chegou com a eleição de Trump, que se assume satisfeito em virar-se para dentro e abandonar o centro do palco global, deixando a porta escancarada para Pequim. Os EUA boicotam acordos de comércio que antes impulsionavam, abandonam acordos sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa e não parecem querer um papel importante na gestão de conflitos internacionais.
Pequim, por seu lado, está a preparar-se. Em Agosto, o 'think tank' Bruegel escrevia que a China era a nova potência de ciência e tecnologia. O investimento chinês em I&D é o segundo maior do mundo e, em breve, ultrapassará a UE como um todo. Desde 2007, nenhum país tem mais novos doutorados em ciências e engenharia.
Obviamente, a China terá também de ultrapassar obstáculos. A sua população começou a envelhecer e tem uma economia ainda em transição dos bens para os serviços e das exportações para o consumo. Além disso, uma receita de economia de mercado com forte intervenção estatal e repressão política pode não ser a mais fácil de exportar. A Time, que colocou Jinping na shortlist de "personalidade do ano", citava Kerry Brown, biógrafo do líder chinês: "A China quer ter um alcance global, mas está limitada pela sua própria natureza."
"É altura de ocuparmos o centro do palco mundial e dar maiores contributos para a humanidade." A frase foi dita pelo presidente chinês, no encerramento do congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que marcou o final do seu mandato de cinco anos. Talvez demasiado concentrado na potência que já não o quer ser, o mundo pode não ter dado conta de que já há outro gigante disponível para tomar o lugar cedido. Jinping sublinhou que este é o momento de tornar a China numa "força poderosa", capaz de guiar o mundo. O líder chinês espera que em 2050 o país esteja na frente do pelotão na sua força nacional e influência internacional, com uma classe média robusta, menos desigualdades entre o mundo urbano e rural e empresas inovadoras alimentadas com fontes de energia renováveis.
O culminar desta acumulação de poder foi o congresso de Outubro do PCC, quando o nome de Xi Jinping foi inscrito na constituição do partido. O que significa que o seu pensamento sobre o socialismo de características chinesas passa a ser doutrina do PCC e estudado pelos militantes do partido. O único líder chinês a merecer essa honra em vida foi Mao Tsé-Tung (Deng Xiaoping também teve o seu nome inscrito, mas a título póstumo).
Esta concentração de força surge depois de décadas a aproximar a economia chinesa do rival norte-americano. Mas o empurrão decisivo chegou com a eleição de Trump, que se assume satisfeito em virar-se para dentro e abandonar o centro do palco global, deixando a porta escancarada para Pequim. Os EUA boicotam acordos de comércio que antes impulsionavam, abandonam acordos sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa e não parecem querer um papel importante na gestão de conflitos internacionais.
Pequim, por seu lado, está a preparar-se. Em Agosto, o 'think tank' Bruegel escrevia que a China era a nova potência de ciência e tecnologia. O investimento chinês em I&D é o segundo maior do mundo e, em breve, ultrapassará a UE como um todo. Desde 2007, nenhum país tem mais novos doutorados em ciências e engenharia.
Obviamente, a China terá também de ultrapassar obstáculos. A sua população começou a envelhecer e tem uma economia ainda em transição dos bens para os serviços e das exportações para o consumo. Além disso, uma receita de economia de mercado com forte intervenção estatal e repressão política pode não ser a mais fácil de exportar. A Time, que colocou Jinping na shortlist de "personalidade do ano", citava Kerry Brown, biógrafo do líder chinês: "A China quer ter um alcance global, mas está limitada pela sua própria natureza."