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A TAP é masoquista!

Há um Fernando Pinto, com prestígio internacional, longa experiência no transporte aéreo, muito elogiado pela imprensa cá do sítio. É brasileiro e foi contratado pelo ex-ministro socialista Jorge Coelho para uma missão impossível: viabilizar a TAP e prepa

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Há um Fernando Pinto, com prestígio internacional, longa experiência no transporte aéreo, muito elogiado pela imprensa cá do sítio. É brasileiro e foi contratado pelo ex-ministro socialista Jorge Coelho para uma missão impossível: viabilizar a TAP e prepará-la para a privatização.

Este Fernando Pinto assumiu a liderança da companhia aérea nacional no final de 2000 e, não obstante o cataclismo que entretanto se viveu no sector, apresenta uma folha de serviço quase impecável. Dos prejuízos mais elevados da história (122 milhões de euros) até aos primeiros lucros de sempre (26 milhões).

Depois há outro Fernando Pinto, que aparece sempre em momentos identificados. Quando o “chairman” foi substituído e alguém deste Governo o tratou como um oportunista, um “brasileiro esperto” que veio para cá ganhar um salário milionário.

É o mesmo Fernando Pinto que surge nos momentos em que a empresa vai divulgar contas. No “DN” deste sábado, era este Pinto que lá estava outra vez, a “maquilhar as contas”, a “empolar os números”, a “roubar 11 milhões às pensões” dos trabalhadores.

O retrato é violento e o homem aparece pintado como se fosse um crápula da pior espécie: não cumpre metas, não assume o fracasso e ainda tem o descaramento de “transformar prejuízos em lucros”.

As “provas” apresentadas são graves. E foram dadas por uma “fonte da empresa”.

Logo, os factos só podem ser rigorosos e a fonte credível. Porque, caso contrário, um título credível como o DN não daria destaque a uma especulação alimentada por um ‘zé ninguém’.

Como é óbvio, o engenheiro Cardoso e Cunha vai já demarcar-se daquela notícia. Porque, como também é óbvio e evidente, toda a gente anda desde sábado a pensar que foi ele - e se calhar não foi. Não pode ter sido, não é verdade?

O “chairman” da TAP jamais faria mal à companhia que preside por questões mesquinhas, como rancores e acertos de contas pessoais.

Portanto, das duas uma: ou valida as contas e lamenta quem anda a manchar a reputação da sua comissão executiva; ou desmascara as trapalhadas dos brasileiros e exige abertamente que lhes cortem as cabeças.

Não existe, portanto, terceira alternativa. Bem, até pode existir. É repetir-se a história das contas de 2002, sobre as quais também se lançou um manto de suspeição e depois ninguém veio dizer mais nada.

A história não pode, desta vez, repetir-se. A situação que se vive na TAP está a transformar-se numa vergonha. É por estas e por outras que não se percebem as razões que levaram este Governo, novamente, a suspender “sine die” a privatização.

Fernando Pinto, versão 1, é aquele que o país conhece. O tal que é aplaudido pelos jornalistas, elogiado pelos trabalhadores e certificado pela empresa que lhe audita as contas. É possível que estejam todos enganados.

Mas para toda esta gente mudar de opinião, é preciso que estas denúncias anónimas se tornem em actos consequentes. Senão, lá voltamos ao pior de Portugal: as difamações covardes.

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