Opinião
A febre amarela
Para resumir a história, há uma probabilidade de a China lançar mão à ancestral receita de tributar fluxos de capitais e Alan Greenspan foi a Hong Kong avisar que a exuberante economia do seu país está a ensaiar um pouso forçado para o fim deste ano.
O cruzamento dos astros formou uma nova maré de queda nas bolsas de valores em todo o mundo. E o que de realmente sério aconteceu para levar o índice da bolsa de Xangai ao mergulho mais violento numa só sessão dos últimos dez anos? Apenas rumores. Apenas temores.
A história está farta de nos ensinar que uma crise financeira pode ser desencadeada na ausência de catástrofes. Basta a suspeição. E suspeita-se que o mercado de capitais chinês esteja demasiado quente.
Todas as bolsas, em todo o mundo, têm-no estado. Mas nenhuma duplicou o valor das empresas cotadas num só ano. Só a China, em 2006.
Este ano, um movimento pendular tomou conta de Xangai. Em Janeiro, uma forte "correcção". Agora, no ponto mais alto de sempre. Excesso de volatilidade, como certos ventos, anuncia tempestade.
Restringir movimentos de capitais é uma tentação. Resultará, e isso é seguro, no arrefecimento da própria economia – também ela, progredindo a um ritmo acima de 10%, a viver a sua expansão mais vigorosa da última década.
Depois vem Greenspan e alerta para a estagnação dos lucros empresariais. O velho São Bernardo fareja uma recessão para os EUA pior do que os mercados estão a captar.
Os investidores, enquanto ele estava ao leme da Reserva Federal, aprenderam a ler os seus lábios e raramente se arrependeram de seguir os sinais do seu radar.
Este último é claro: o mundo da abundância de capitais e da ascensão do ‘private equity’ não representa o regresso à exuberância irracional da década passada.
Mas há acções a subir de empresas com lucros a cair, A escala não é comparável. Já vimos o filme. Dispensamos a versão em mini-série.