Opinião
A mais importante de todas as edições
A coisa mais fascinante deste texto é saber, de antemão, que ele está neste momento a ser lido por alguém que não comprava o Jornal de Negócios. Afirmo-o sem ambiguidades – cada dia que chega, chegam novos leitores. Há obviamente aqueles que desistem. Mas
Esta afirmação é suportada por números. As vendas em banca do Jornal de Negócios cresceram o ano passado 18% face a 2005 e ultrapassaram 6,5% os objectivos que internamente nos tínhamos proposto atingir.
As audiências são as melhores de sempre: em média, trimestre acima, trimestre abaixo, 100 mil portugueses revelam ter contacto periódico com o jornal. Na Internet, a nossa edição online já passou a barreira dos 800 mil leitores, pulverizando recordes e reforçando a liderança.
Muitas pessoas pensam que a vida de um projecto editorial é sobretudo marcada por aquela notícia que ninguém deu, pela confirmação que todos procuravam, pela entrevista que todos queriam ou pela mais inesperada das revelações.
Não é bem assim. Nestes quase quatro anos de jornal diário, vivemos, é certo, momentos de glória. Na primeira-mão da OPA da Sonae à PT. No fim de tarde daquela sexta-feira em que Durão Barroso foi a Belém e fomos os primeiros a divulgar a incrível indicação de Pedro Santana Lopes. E, meses depois, quando quebramos o tabu de Sampaio e, meia hora antes, noticiámos o afastamento daquele Governo.
O bom jornalismo não vive sem adrenalina. Mas a adrenalina passa. A alma dos projectos é aquilo que fica do que passa. E a alma deste jornal vem da vitalidade do mercado, do lado da procura, daquela fracção de segundo em que, diante de uma variedade de jornais, alguém decide escolher o Jornal de Negócios e não outro.
É também esta a legitimidade democrática da imprensa. Pois os jornais vão a votos todos os dias. E o fascínio da curta vida do Jornal de Negócios resume-se, afinal, no próprio encanto da vida: nascer a partir do nada e ir crescendo. Construir uma identidade, ir formando uma personalidade e afirmar-se por isso – por ser o que é.
Isso nunca é percepcionado no dia-a-dia. Nem por aqueles que fazem e participam no próprio processo de crescimento. Os leitores. Os jornalistas. Os anunciantes. E um exército invisível, que começa no mais importante dos accionistas e termina no anónimo que assegura o serviço de estafeta.
Ainda que pelo tal instinto, é precisamente isso que nos convoca para um exercício de permanente superação. Saber que hoje, edição número 934, há mais pessoas que ontem, edição número 933, que confiam nas nossas notícias, que levam em consideração as nossas opiniões.
Confiando nas opções que fazemos, confiando no modo como as editamos, estão a confiar em nós. Ainda que não concordando, confiam. E isso é uma tremenda responsabilidade. Que, com uma enorme honra, delego na pessoa mais preparada para a assumir: Pedro S. Guerreiro, até hoje o meu competentíssimo braço-direito.
E que passa a liderar uma equipa já mobilizada para a mais importante das nossas edições: a número 935. É a próxima segunda-feira. É sempre a próxima.