Opinião
Octávio Teixeira - Economista e ex-deputadodo PCP
25 de Setembro de 2012 às 23:30
Vale a pena lutar
O recuo e a crise política dentro da coligação ditaram o fim deste Governo, que nenhuma remodelação poderá iludir.
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O primeiro-ministro recuou nas alterações à taxa social única (TSU) que com pompa anunciou ao país no dia 7. Não por reconhecer o disparate ou por coacção do Conselho de Estado, mas porque a isso se viu obrigado pelo clamor popular ouvido nas manifestações do dia 15.
O recuo e a crise política dentro da coligação ditaram o fim deste Governo, que nenhuma remodelação poderá iludir. Passou a ser um Governo a prazo, mais ou menos curto. Mas não é isso, por agora, o que mais importa.
O relevante é que o recuo mostra que o protesto e luta populares valeram a pena e que nunca haverá ganhos se o povo não der voz à sua legítima revolta. E pôs fim a uma medida que dolosamente era apresentada como benéfica para a economia e o emprego (os estudos conhecidos mostram que o desemprego iria aumentar e a recessão agravar-se). A redução dos salários era, apenas, mais um esbulho.
Mas o protesto popular foi igualmente contra a iniquidade na distribuição dos sacrifícios impostos e contra uma política demonstradamente fracassada.
Ora, o recuo na TSU e a "devolução parcial dos subsídios" não afastam a iniquidade. O Governo pretende "compensá-los" com o agravamento do IRS sobre o trabalho. O capital, as rendas excessivas e os contratos leoninos nas PPP continuam intocados. Um exemplo entre outros: a tributação em apenas 0,8% do património em acções, participações e outros títulos detidos por empresas e particulares residentes, renderia 2.800 milhões de euros, tanto como o que queria tirar aos trabalhadores via TSU.
E o fracasso da política é notório: a redução anual do rendimento dos cidadãos é crescente, o défice não trava, a dívida e o desemprego aumentam, a recessão prolonga-se.
Por isso justifica-se plenamente continuar a lutar.
Economista e ex-deputado do PCP
O recuo e a crise política dentro da coligação ditaram o fim deste Governo, que nenhuma remodelação poderá iludir. Passou a ser um Governo a prazo, mais ou menos curto. Mas não é isso, por agora, o que mais importa.
Mas o protesto popular foi igualmente contra a iniquidade na distribuição dos sacrifícios impostos e contra uma política demonstradamente fracassada.
Ora, o recuo na TSU e a "devolução parcial dos subsídios" não afastam a iniquidade. O Governo pretende "compensá-los" com o agravamento do IRS sobre o trabalho. O capital, as rendas excessivas e os contratos leoninos nas PPP continuam intocados. Um exemplo entre outros: a tributação em apenas 0,8% do património em acções, participações e outros títulos detidos por empresas e particulares residentes, renderia 2.800 milhões de euros, tanto como o que queria tirar aos trabalhadores via TSU.
E o fracasso da política é notório: a redução anual do rendimento dos cidadãos é crescente, o défice não trava, a dívida e o desemprego aumentam, a recessão prolonga-se.
Por isso justifica-se plenamente continuar a lutar.
Economista e ex-deputado do PCP
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