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25 de Dezembro de 2012 às 23:30

O prioritário e o inevitável

A deflação poderá estar a bater à porta. Mas nem isso nem a época natalícia conseguem iluminar o Governo e seus acólitos.

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Em final de ano, impor-se-ia que o Governo ponderasse os resultados e corrigisse o que errado se mostra.

 

As políticas restritivas prosseguidas conduziram a que a economia real caísse numa espiral recessiva: queda dos salários reais, do consumo, do emprego, do investimento e consequente redução da capacidade de produção futura. Em resultado estamos mergulhados num empobrecimento social sem fim à vista e numa prolongada recessão que torna praticamente impossível reduzir o défice público (a não ser através da escalada das medidas de austeridade, o que só agrava a situação) e reduz fortemente a capacidade de pagar a dívida.

 

Não é admissível continuar a permitir que o país se despenhe na degradação económica e na desagregação social.

 

Não está em causa a necessidade de reduzir o défice e a dívida públicos. O problema é que isso é impraticável em simultaneidade com uma política recessiva. A solução é dar prioridade a políticas que apoiem o aumento da produção, do emprego, da produtividade e competitividade, pois só com um crescimento sustentado será possível reduzi-los duradouramente.

 

Além disso importa ter presente que a dívida pública não cessou de aumentar, apesar da austeridade e das nefastas e obscuras privatizações, e que os encargos com juros cresceram substancialmente tornando-se um obstáculo acrescido à redução do défice. Na impossibilidade da sua monetarização, é inevitável a reestruturação da dívida: substituição da dívida actual por outra com taxas de juro mais baixas e com prolongamento de maturidades, períodos de carência no pagamento dos juros, desejavelmente anulação parcial.

 

A deflação poderá estar a bater à porta. Mas nem isso nem a época natalícia conseguem iluminar o Governo e seus acólitos.

 

Economista e ex-deputado do PCP

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