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11 de Dezembro de 2012 às 23:30

Privatizar para exportar lucros

Diz a comunicação social que o Governo se prepara para receber 20 milhões de euros pela entrega da TAP a um empresário estrangeiro. Só a marca TAP valerá muito mais e faz recordar o esbulho ao erário público que significou a decisão do Governo de acabar com os direitos especiais que o Estado detinha na GALP, EDP e PT.

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Diz-nos também que a escolha do comprador da ANA será feita no dia 27 de Dezembro… mas que o contrato de concessão será assinado já amanhã!

Exemplos da forma como o Governo tem vindo a privatizar tudo o que pode à pressa, ao desbarato e sem transparência.

Por razões e com motivações ideológicas e em prejuízo do país.

Do ponto de vista da racionalidade económica não há justificação para entregar à propriedade privada empresas que são estratégicas e/ou vivem em autêntico regime de monopólio, nem garantindo essas privatizações a permanência dos centros de decisão em território e mãos nacionais. Acresce que não se trata de investimento estrangeiro que contribua para robustecer a economia nacional, mas de mero investimento financeiro.

Nem sequer há racionalidade financeira. Pretender que é importante e indispensável reduzir a dívida pública em 2 ou 3% à custa de "jóias da coroa", é completamente ridículo. E omitem-se os dividendos que anualmente deixam de ingressar nos cofres do Estado, que ultrapassarão o valor dos juros que o Estado poupa com a diminuição da dívida. E como essas empresas foram e irão parar às mãos de estrangeiros, isso significa que vai aumentar a parcela de dividendos a transferir para o exterior, agravando o principal défice do país, o défice externo.

Ou seja, as privatizações não contribuem para a resolução dos problemas do país, mas este terá de produzir mais para exportar… lucros.

 

Economista e ex-deputado do PCP

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