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16 de Fevereiro de 2006 às 15:36

Só a vitória interessa!?

Depois da Sonaecom ter visto a sua reclamação sobre a posição anticoncorrencial da Portugal Telecom junto da Comissão Europeia (CE) remetida às autoridades da concorrência em Bruxelas, com uma forte probabilidade desta por seu turno deferir qualquer decis

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Depois da Sonaecom ter visto a sua reclamação sobre a posição anticoncorrencial da Portugal Telecom junto da Comissão Europeia (CE) remetida às autoridades da concorrência em Bruxelas, com uma forte probabilidade desta por seu turno deferir qualquer decisão para as autoridades nacionais, a empresa foi de certo modo obrigada a fazer a sua «jogada de mestre».

Quase uma semana depois de ter sido «ignorada» pela CE, a Sonaecom/Grupo Sonae lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) ao seu velho rival, a Portugal Telecom, uma oferta a rondar os 11 mil euros milhões, ou 9,50 euros por cada acção, do gigante das telecomunicações.

Apesar de poder parecer para alguns que o negócio foi feito «em cima do joelho» pela sua rapidez, foi muito pelo contrário. A OPA lançada pela So_nae no passado dia 6 de Fe_vereiro foi muito bem estudada, bem delineada, e bem executada... para ganhar! Porém, e segundo a nossa avaliação, a oferta do Grupo Sonae fica sensivelmente 14% aquém do valor justo do Grupo Portugal Telecom, que no nosso entender aproxima-_-se dos 11 euros por acção, ou 12,5 mil milhões de euros.

Sendo a única oferta que está em «cima da mesa» de momento, parece ser necessário a tomada de uma posição activa no negócio por parte dos investidores. Pelo lado da Portugal Telecom, a OPA estabeleceu uma base nos títulos a 9,50 euros por acção.

Tendo em conta este valor, um investimento na Portugal Telecom a «curto-prazo» implica um retorno de 4,1% em termos de «dividend yield» proporcionado pelo dividendo de 0,385 euros por acção proposto pela actual administração da PT, com a necessidade de aprovação por parte da assembleia geral de accionistas (AG), que reúne no próximo dia 21 de Abril.

A estes 4,1% acrescenta-se a exposição a uma eventual contraproposta sobre a PT, bem como a possibilidade da equipa de gestão propor um dividendo ainda superior como forma de «proteger» a empresa da OPA hostil da Sonae, já que a tornava mais dispendiosa para o oferente, ao diminuir o «cash flow».

Consideramos, no entanto, como pouco provável a alteração da proposta de dividendo por duas razões simples: 1) a actual equipa de gestão terminou o seu mandato no final de 2005, estando só a aguardar pela AG para definir o seu futuro, e 2) por outro lado, temos o «accionista» Estado que vê com agrado, e provavelmente com muito alívio, a entrada de um grupo nacional, neste caso o Grupo Sonae, em geral, e o Sr. Engº Belmiro de Azevedo, em particular, na Portugal Telecom. Por esta razão, o Estado não deverá favorecer a «penalização» do Grupo Sonae por cumprir o seu dever «cívico», e de certo não quer fragilizar ainda mais o Grupo Portugal Telecom, havendo agora maior risco deste sector estratégico «cair em mãos estrangeiras»"

Em suma, a base de 9,50 euros está estabelecida, o dividendo deverá ser pago em meados de Maio, e qualquer investidor na Portugal Telecom beneficia ainda se alguma contraproposta se concretizar. A materializar-se uma contra-OPA, esta teria obrigatoriamente de ter um valor no mínimo 5% superior à proposta actual, ou seja, 9,975 euros por acção, em dinheiro, espécie, ou numa combinação das duas, mais o direito ao dividendo.

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