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12 de Maio de 2006 às 13:59

O Estado daltónico?

Zelando pela segurança de todos que é primordial nas nossas estradas, porque é que as viaturas utilizados pelos nossos governantes não podem ser no mínimo híbridos?

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Verde pode ser um sinal de esperança, a cor favorita de alguns, emblemático do fervor clubístico de muitos, ou «the color of money» para outros. Porém, uma referência ainda mais importante tem a ver com o meio ambiente, nomeadamente, o verde da floresta, das árvores e da flora. No decorrer do desenvolvimento das sociedades modernas, a terminologia utilizando a palavra e simbologia do «verde» tem reforçado as suas implicações ambientais. Como exemplo temos causas ecológicas como o «Greenpeace,« partidos políticos designados por «Verdes» com o ambiente a ser a sua principal preocupação, ou mesmo os vidrões que todos nós conhecemos. Contudo, às vezes parecemos daltónicos, especialmente o Estado que tem dificuldades ou reticências em adoptar um modelo organizacional «verde.»

Com as três maiores petrolíferas do mercado português a registarem quedas entre 2% a 4% no consumo de combustíveis nos três primeiros meses de 2006, parece que o inevitável aumento estrutural do preço do petróleo está finalmente a fazer-se sentir ao nível da utilização das viaturas particulares em Portugal. De facto, especialistas do sector esperam que o elevado preço praticada nas bombas deverá fazer com que o consumo de gasolina caia 5-6% no ano completo de 2006, enquanto o gasóleo poderá registar uma quebra de 1,5% no mesmo período. Por um lado, e apesar de não parecer ao transeunte comum, esta redução «forçada» do tráfego pode fomentar uma maior utilização dos transportes públicos. Num prazo mais longo, e na tentativa de reduzir a nossa dependência do petróleo, poderá desenvolver-se uma maior procura por veículos híbridos ou os que usam tecnologias alternativas com os «fuel cells» (pilhas de combustível) que, podem não oferecer as mesmas «performances» que os que suportam os motores de combustão mais vulgares, mas que são amigos do ambiente em termos de um reduzida emissão de gases poluentes.

Apesar de esteticamente muitos destes veículos serem discretos ao olhar comum, e terem um preço competitivo em relação aos carros a gasóleo devido ao benefício oferecido através da redução do imposto automóvel (IA), existem poucos nas nossas estradas para se fazerem notar ou para terem um impacto notável no ambiente. Talvez o primeiro passo para pelo menos os híbridos, para não falar na alternativa totalmente eléctrica, tem como sempre na nossa sociedade de ser dado pelo Estado. Em primeiro lugar, porque é que os veículos de manutenção, por exemplo, os veículos das câmaras, das freguesias, não podem adoptar as novas tecnologias em mobilidade? Estes veículos, os eléctricos por exemplo, são ideais para uma utilização rotineira em percursos de curta distancia.

Quem não gosta de uma viatura de alta cilindrada? Na sua generalidade, estas viaturas não oferecem somente mais potência e um desejado «status» social, mas também as últimas novidades na segurança dos seus ocupantes. Porém, qualquer viatura de hoje tem de seguir uma série de normas de segurança rígidas, implicando que nem sempre os mais caros são os mais seguros. Deste modo, e zelando pela segurança de todos que é primordial nas nossas estradas, porque é que as viaturas utilizados pelos nossos governantes não podem ser no mínimo híbridos? Não será de certo uma necessidade de potência, já que usualmente os nossos governantes têm o caminho aberto e conseguem ultrapassar as mais complicadas paragens no trânsito. Deste modo, não criaria um excelente precedente se o próximo veículo adquirido pelo Estado Português fosse um veículo híbrido?

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