Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
Fernando Braga de Matos 07 de Novembro de 2008 às 13:00

Semanada: notas avulsas "on the rocks"

Entre nós, que ninguém nos escuta, esta coisa da crónica deste tipo, em dia semanal certo, com a inevitável entrega bastante antecipada à tipografia, tem um lado frustrante, o de ter muitas vezes de se escrever sobre um tema já requentado. "It s a hard knock life", como dizia a canção da Broadway!

  • 4
  • ...
1 – Entre nós, que ninguém nos escuta, esta coisa da crónica deste tipo, em dia semanal certo, com a inevitável entrega bastante antecipada à tipografia, tem um lado frustrante, o de ter muitas vezes de se escrever sobre um tema já requentado. "It s a hard knock life", como dizia a canção da Broadway!

De vez em quando, lá se consegue uma perspectiva ou um modo de dizer diferenciados. Mas hoje, como estou obtuso, vou aplicar o chamado "golpe 2 em 1", de modo a que, com a variedade, se consiga, se não o lídimo dos objectivos, pelo menos o de não chatear demasiado o leitor. É uma espécie de desconto, dois assuntos pelo preço de um.

Então aqui vai, prevenindo-se que saem por ordem decrescente de importância.

2 – O mais relevante é obviamente o do acórdão do Supremo Tribunal Administrativo que decidiu pela inaplicabilidade ao processo desportivo disciplinar de escutas telefónicas, legitimamente tomadas num processo penal, como meio de prova atendível. O reflexo directo cai na situação do União de Leiria, o indirecto na do FCPorto/ Pinto da Costa e eventualmente, Boavista – o que não é coisa de somenos, bem pelo contrário.

Aqui há uns meses, aquando da deliberação do Conselho de Disciplina da Liga e do espectáculo do seu presidente, Ricardo Costa (que nem sequer teve o benefício de uma apresentação por Catarina Furtado), alinhavei umas considerações que, infelizmente, se revelaram afinadamente ajustadas e até, talvez, premonitórias.

O ponto de vista que eu focava era que se impunha urgentemente ordem e legalidade no futebol, de uma vez por todas, e que por isso dava como bem-vinda a decisão – mas que o ar infalível, argumentativo e tauromático de Ricardo Costa se opunha à imagem de serenidade e neutralidade da administração da Justiça e punha em risco a futura aceitação geral das decisões (e já nem falava da excessiva conotação com o Benfica, que, em geral, conduziria a que, quanto ao FCPorto/Pinto da Costa, o próprio se considerasse "impedido", como se diz em processo judicativo).

"Se um órgão superior decidir em contrário, como pensarão as pessoas?" Escrevi eu então, inspirado: "Afinal o pavão era um garnizé", ou "os gajos de cima estão todos comprados"? Assim, este atleta começou por dar um golpe na administração da justiça desportiva quando, felizmente, ela estava a despontar.

Se a justiça do futebol, pretensamente em excelência, é isso, então todos preferem a porrada ou a batota, pois doutro modo ficam por parvos e prejudicados, se os outros se anteciparem.

3 – Agora, o assunto nº 2, o do BPN, em hierarquia nacional manifestamente secundário.

O Governo decidiu-se pela nacionalização e não tenho dados suficientes para dar uma opinião com mérito sobre o assunto. Só espero que se não resvale para decisões ideologicamente motivadas, quando o que aqui ocorre é um problema à espera da solução mais eficaz, dentro de um quadro geral de mercado livre. Depois, o que interessa é pragmatismo de meios e bons resultados no fim.

Mas dito isto, o meu busílis não era esse, antes a actuação do Banco de Portugal. Essa instituição de benemerência paga das mais altas benesses de cargo público em qualquer parte do mundo, batendo de largo o FED, por exemplo. Porém, retirado o poder de decidir a massa monetária, a taxa de juro directora e a influência em matéria cambial, só fica ao seu presidente a vigilância (esperava-se que apertada) dum sistema financeiro cada vez mais sofisticado.

O "buraco negro" BPN já está na mira desde 2003(!) e o governador do BP desculpa-se, dizendo que sem elementos suficientes não podia actuar! Mas, caro Dr. Constâncio, se a malta do BPN lhe não fornecia elementos, então a consequência deveria ser exactamente a oposta da que tomou: entrava rapidamente e em força, não ficava cinco anos à espera de que o Espírito Santo (não o banco, a 3ª Pessoa) lhe sussurrasse algo ao ouvido.

Assim, e depois do "reggae" do BCP, as pessoas mal intencionadas julgam que ao senhor, quando lá em casa diz que vai para o banco, até lhe perguntam se não se esqueceu de levar na pasta o último número do "Tio Patinhas".

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio