Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
26 de Outubro de 2010 às 11:52

Renovando as energias renováveis

Decorreu recentemente em Lisboa o "Global Clean Energy Forum", onde estiveram reunidas as principais empresas mundiais que operam no mercado das renováveis

  • ...
Decorreu recentemente em Lisboa o "Global Clean Energy Forum", onde estiveram reunidas as principais empresas mundiais que operam no mercado das renováveis, especialistas do sector, investidores, reguladores e decisores políticos. Uma combinação de agentes que reflecte a diversidade de forças em jogo no mundo das novas energias e que possibilitou uma reflexão qualificada sobre as perspectivas, a incerteza e as oportunidades que estão em cima da mesa. Como referiu o brilhante Lord Browne, ex-CEO da BP e actual dirigente da Riverstone, o maior "private equity" do mundo focado nas energias, as renováveis estão actualmente a passar pelo seu "stress test" e seguem em frente, com enorme resiliência e uma alta probabilidade de continuar a desempenhar um papel crescentemente relevante no panorama energético do futuro.

De facto, os compromissos assumidos pelos governos europeus e dos países mais desenvolvidos no que respeita ao peso das renováveis no "mix" energético, aliados à pressão por uma economia e um modo de vida verde, tornam incontornável a ascensão das renováveis. Por outro lado, o crescimento económico a nível global com o inevitável aumento da procura de energia cria espaço para todas as formas de produção e distribuição, obrigando os países a equacionar incessantemente as alavancas possíveis para aumentar a sua capacidade e autonomia, considerando as várias hipóteses (vento, hídrica, nuclear, viaturas eléctricas, outras). O jogo actual gira à volta de uma lógica de equilíbrio entre as várias alternativas, sendo prudente evitar posições fechadas, de exclusão ou demasiada concentração. O futuro é incerto mas vai ser seguramente exigente em consumo de energia, e como não há soluções mágicas, parece razoável apostar num leque abrangente de novas tecnologias, acompanhando as tendências de mercado.

A favor das renováveis está também uma forte inovação tecnológica, fruto dos investimentos massivos que este sector tem atraído nos últimos anos, tendendo para a redução dos custos unitários e o aumento da sua competitividade. A bem dizer, considerando todos os encargos associados à produção tradicional, não apenas em termos ambientais, mas também tendo em conta os elevados apoios Estatais à produção de energia fóssil, então a atractividade das renováveis torna-se mais clara.

Mas as renováveis não ganharão apenas quota de mercado, irão alterar todo o paradigma da indústria da energia, ao trazerem para a arena novos operadores com espírito de "challenger", empresas mais pequenas do que os incumbentes tradicionais e que actuam em rede, sendo ao mesmo tempo competitivas e colaborantes. Estaremos perante entidades abertas a processos disruptivos e ávidas de explorar novas geografias e mercados. Neste novo panorama descentralizado ganharão particular relevância as questões de armazenamento, distribuição e segurança da energia, que implicarão elevados níveis de eficiência em termos de transporte e logística.

E Portugal, como aparece neste filme? Bastante bem. Neste sector não estamos "atrás da curva", como tantas vezes nos acontece. Pelo contrário, somos um dos países que actualmente incorpora uma maior componente de renováveis na matriz energética e que claramente colocou este tema na sua agenda económica. A aposta nas novas energias tem sido forte, consistente e previsível (pontos fundamentais para a atracção de investimento), permitindo o cumprimento de metas acordadas a nível Europeu, para além de contribuir para a redução do deficit energético, responsável por uma parte significativa dos desequilíbrios externos que enfrentamos. E não nos posicionamos como um mero receptor, fomos de facto capazes de desenvolver toda uma fileira industrial, criando empregos de valor acrescentado, gerando exportações e inovação tecnológica. Estamos perante uma espécie de "New Deal" sectorial, que tem funcionado. Por uma vez aparecemos nos "rankings" logo a seguir aos países mais desenvolvidos do mundo.


Gestor




Ver comentários
Mais artigos de Opinião
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio