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02 de Agosto de 2012 às 11:32

O talento português ao serviço do país

Cada vez que abro um jornal, sinto-me confrontado com uma dicotomia permanente entre o sucesso e o insucesso.

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As primeiras páginas falam-nos invariavelmente da crise que vivemos. Somos expostos às enormes dificuldades que as nossas empresas enfrentam, ao número de desempregados a crescer e aos direitos adquiridos que parece que temos vindo a perder. É uma história triste, uma história que não é recente, uma história muito portuguesa e que o fado bem retrata. Por vezes, parece que somos uns incapazes, sem grandes hipóteses de futuro e à mercê de um conjunto de "seres" (sejam eles quem forem - políticos, patrões, chefes) que deviam tomar conta de nós, mas que estão a fazer um péssimo trabalho.

Folheamos mais umas páginas e torna-se inevitável que nos deparemos com histórias de portugueses que saíram de Portugal e que agora estão a gozar de enorme sucesso por esse mundo fora. Reconhecido como trabalhador, dedicado, pragmático, criativo, e com enorme capacidade de adaptação, o povo português é "pau para toda a obra" e uma referência em vários países e sectores de actividade (desporto, arte, economia, ciência). Impressiona-me ainda mais o espírito empreendedor e destemido dos portugueses que se fazem à estrada e abrem negócios de sucesso em países que muitas vezes não conhecem.

É extraordinário o contraste. Será que todos os portugueses capazes fizeram as malas e saíram de Portugal? É óbvio que não. Tendo vivido uma parte da minha vida fora de Portugal, e tendo passado outro período em contacto permanente com "startups" e PME nacionais, reconheço com alguma facilidade a tamanha qualidade de talento que temos também em Portugal. Tenho conhecido empreendedores extraordinários em Portugal, com um "drive" sem igual e com uma coragem e vontade de vencer extremos. Infelizmente, a situação económica que vivemos não ajuda e o pequeno país em que habitamos também não.

Acredito que estamos a presenciar um ponto de viragem na nossa história. O comboio da Europa não será o que já foi e teremos que nos virar para outros mercados se queremos retomar o caminho do crescimento. Nas interacções que tive com empreendedores e gestores de PME, este sentimento está patente no seu dia-a-dia, levando a que a maioria concebe negócios em que, na sua génese, está já implantado o objectivo de conquistar mercados internacionais. No entanto, uma das maiores preocupações que tenho registado prende-se com o "como" internacionalizar as empresas. Que mercados atacar? Como entrar? Quem pode ajudar?

Creio que a resposta mais simples a estas questões está na nossa diáspora, na criação de pontes entre o talento que temos em Portugal e aquele que está espalhado pelo mundo. Está na altura de os nossos empreendedores utilizarem a rede fabulosa que têm à sua disposição e que os poderá apoiar no processo de crescimento além-fronteiras. O desenvolvimento das redes sociais, desde o Facebook ao Linkedin, passando pelo "nosso" Startracker, tem permitido uma convergência deste talento, pondo milhares de contactos à distância de um clique - há que ter a ousadia de os usar.

Numa altura difícil como a que estamos a viver, não nos podemos dar ao luxo de fazer grandes estudos e visitas a mercados internacionais para planear de forma adequada a expansão. Temos de usar os activos que temos para o conseguir fazer de forma mais fácil, menos dispendiosa e com risco reduzido. Na minha opinião, o melhor activo que temos, é o nosso talento.



francisco@leap.pt
Managing Director da Leap


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