Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
24 de Abril de 2013 às 09:40

O empreendedorismo traz felicidade?

Quem lança o seu próprio negócio atinge níveis de realização superiores aos que são registados por quem trabalha por conta de outrem. Verdade?

  • ...

Há muito que oiço empreendedores à minha volta afirmarem, com toda a convicção, que quando trabalhamos para nós somos incomparavelmente mais felizes do que quando estamos a trabalhar para outros. Dizem-me que o gozo que dá uma pessoa comandar o destino da sua empresa e testemunhar o fruto do seu trabalho, é incomparável, e que compensa largamente o sangue, suor e lágrimas que um percurso empreendedor tipicamente implica.


Confesso que, durante muito tempo, fui extremamente céptico em relação a este tipo de afirmações. Acreditava que era uma espécie de mecanismo de auto-compensação para justificar o prosseguimento de um percurso mais difícil, com mais obstáculos, menos estável e com menos apoios.


Tendo já tido um contacto com o mundo do empreendedorismo, confesso que ainda não estou claro em relação ao peso relativo dos sentimentos de felicidade e de realização pessoal de um percurso empreendedor em comparação com uma carreira numa empresa estabelecida. Tem sido uma espécie de dúvida existencial com que me tenho debatido ao longo dos últimos anos.


Há umas semanas, este foi um dos grandes temas de conversa que marcou um jantar que tive com antigos colegas de MBA. Na mesma mesa tínhamos americanos, alemães, italianos, espanhóis, estónios, ingleses e portugueses (a diversidade de um MBA de facto é inacreditável), quase todos empregados por conta de outrem, com muito bons empregos. No grupo destoavam duas pessoas que tinham optado por seguir um rumo empreendedor no pós-MBA, altura em que a maioria das pessoas procura empregos que paguem bem em empresas com nomes sonantes.


Qual não foi o meu espanto (e acho que não foi só o meu) quando começámos a debater as nossas escolhas profissionais e percebi que a larguíssima maioria dos presentes estava a repensar as suas vidas e prioridades, tentando perceber o que lhes trazia verdadeira felicidade e, como resultado, activamente à procura de novos desafios profissionais. Os empreendedores, por outro lado, estavam felicíssimos. Ambos com empresas com menos de três anos, a funcionar em pleno na era digital e com mais de 30 pessoas a trabalhar em cada uma. Ambos com verdadeiras histórias de guerra e de quase-exaustão para partilhar mas com um sentimento de realização pessoal que poucas vezes tenho sido testemunha. Ambos verdadeiramente felizes. Será uma amostra suficientemente relevante para tirar conclusões? Sinceramente acho que não, mas de facto vem corroborar o que tantas vezes ouvi de outros empreendedores.


Não tenho dúvida que são muitas as pessoas que já foram mordidas pelo bichinho do empreendedorismo, mas que facilmente conseguem identificar os contras de mergulhar numa carreira incerta e financeiramente instável. E o facto é que à primeira vista são muito mais os contras do que os prós. No entanto, para que possam pesar devidamente as suas opções, é fundamental que percebam o que pode estar do outro lado, falando com empreendedores rapidamente chegamos à conclusão que a escolha não é puramente financeira. Há quem afirme mesmo, com toda a convicção, que o empreendedorismo traz felicidade.

 


falmeidajn@gmail.com

Ver comentários
Mais artigos de Opinião
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio