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28 de Julho de 2005 às 13:59

O que mais irá acontecer?

Duas semanas depois da tomada de posse do actual governo, escrevia eu o meu primeiro artigo neste jornal, onde expressava a minha opinião acerca da previsível curta duração de dois dos seus ministros, nomeadamente ...

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Duas semanas depois da tomada de posse do actual governo, escrevia eu o meu primeiro artigo neste jornal, onde expressava a minha opinião acerca da previsível curta duração de dois dos seus ministros, nomeadamente o Prof. Campos e Cunha e o Prof. Freitas do Amaral ( na altura, dizia eu que não chegavam ao Natal deste ano ). Para começar, tratava-se de dois Ministros de Estado independentes, o que é, por si só, um grande «handicap» para quem integra um governo socialista. Acresce que, enquanto o primeiro é demasiado sério, como rápidamente demonstrou quando assumiu o aumento dos impostos, o segundo vive obcecado com o desejo de vir a ser Presidente da República, como tivémos oportunidade de ler numa entrevista que deu recentemente.

Com efeito, o Ministro das Finanças acabou por sucumbir, perante a lógica do despesismo do governo socialista. Quanto ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, este vai certamente pelo mesmo caminho, a avaliar pelas críticas que fez publicamente ao governo que o próprio integra, aproveitando ainda para «lançar a ponte» para o que realmente pretende...

É caso para perguntar: será este o príncipio do fim deste governo? Seria bom que assim não fosse pois seria extremamente grave o país ter de se deparar novamente com eleições a curto prazo. No entanto, devo confessar que não auguro nada de bom. O governo é fraco qualitativamente. Não vemos ideias, acção, nem sequer uma estratégia. ( Já alguém percebeu do que se trata o tão falado «choque tecnológico»? ). É também um governo bastante incoerente pois, apesar de todo esforço pedido aos portugueses, vemos um enorme e estranho interesse em obras desnecessárias. Para além disso, e a verificar-se uma previsível derrota generalizada do PS nas próximas eleições autárquicas, iremos, dentro de pouco tempo, assistir a um PS destabilizado e a um governo fragilizado. Daí às eleições presidenciais é um pulo, e fica a sensação de «déjà vu». Relativamente aos candidatos presidenciais, enquanto que um deles anda em pré-campanha desde 2003, o outro fez tudo o que estava ao seu alcance para surgir como uma solução de recurso de uma esquerda vazia de ideias e personalidades. Ou será o anúncio desta candidatura mais uma manobra de distracção do Eng. Sócrates? Como é sequer possivel que haja alguém que pense que o Dr. Mário Soares poderá vir a ser o próximo Presidente da República? Com todo o respeito que possamos, ou não, ter pelo senhor, sabemos todos que rigor, austeridade e autoridade, de que o nosso país tanto precisa, não fazem parte do seu diccionário... É por esta razão que o Prof. Cavaco Silva tem, quanto a mim, tudo para gerar um consenso alargado e obter um resultado histórico.

Acredito que, enquanto Presidente da República, o Prof. Cavaco Silva tentará conduzir os destinos de Portugal da melhor maneira. Será certamente um homem autoritário e duro para o governo em exercício, bastante diferente do homem descontraído e risonho que agora aparenta ser... Esta prevísivel rispidez aliada a um PS já moribundo poderão eventualmente levar até a uma ruptura nas relações entre Belém e São Bento.

E então? O que mais poderá acontecer? Um governo formado pelo Presidente da República? Um referendo à Constituição da República? Finalmente uma reforma da Administração Pública? Um pacto entre o PS/PSD/CDS para ultrapassar a ingovernabilidade do país?

Algo drástico terá certamente que acontecer no panorâma político português ou arriscamo-nos a assistir à falência do nosso sistema político...

Vamos esperar para ver! Afinal é já em 2006...

P.S.: E para que não entremos em depressão profunda com o estado de coisas em que se encontra o nosso país, proponho que façamos o seguinte exercício: «é o ano de 2015 e o Dr. Durão Barroso decide, inesperada e insensatamente, candidatar-se a Belém. Por seu lado, o PS lembra-se de propor o voluntarioso Dr. Jorge Sampaio para se lhe opor. Que cenário dantesco! Afinal, pensando bem, nem nos podemos queixar...

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