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30 de Junho de 2005 às 13:59

Demagogia tem limites

Segundo a deputada Ana Drago, todas as imagens que vimos do «arrastão» em Carcavelos foram apenas uma montagem e o verdadeiro problema surgiu quando a polícia chegou e começou a «carregar nos coitadinhos» que tinham ido à praia em grupo (às centenas!)

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Nos últimos anos, temos assistido em Portugal ao crescimento de uma força política cuja base do discurso assenta na demagogia pura. Porém, se antes esta se materializava simplesmente num conjunto de movimentos políticos de extrema esquerda sem qualquer possibilidade de crescimento, o caso muda substancialmente de figura com o aparecimento do Bloco de Esquerda ( BE ).

Partido político liderado pelo tão inteligente quanto perigoso Francisco Louçã, o BE faz a proeza de reunir tudo o que de pior existe na política portuguesa – o que não é tarefa fácil! -, granjeando simpatizantes na extrema esquerda, na chamada «esquerda de caviar» (alguns intelectuais de reserva) e em alguns «nichos de mercado», como os imigrantes revoltados e uma faixa desorientada de jovens sem valores nem referências.

O projecto do BE foi, desde o início – há que reconhecê-lo –, meticulosamente estudado e estruturado pelo próprio Louçã. Antes de mais, começa por colocar pessoas da sua confiança nas universidades e institutos de formação na área da comunicação social, apostando desta forma numa futura geração de jornalistas e por consequência ganhando a simpatia/parcialidade dos «media». Tal meta foi atingida e o resultado está à vista.

Apercebendo-se da falta de credibilidade da classe política perante o eleitorado, Francisco Louçã adopta então um discurso moralizador como se de um autêntico justiceiro se tratasse. Tudo isto é legítimo, ou melhor não é ilícito e faz parte de uma estratégia que os trouxe até aqui. Ninguém é obrigado a votar, muito menos num determinado partido, e a liberdade, valor inexistente no funcionamento do BE, é algo que os portugueses ainda não perderam.

No entanto, há limites! A demagogia torna-se perigosa quando utilizada a qualquer preço. Já não falo do triste espectáculo do Verão passado, em que assistimos ao apoio do BE à vinda do barco do aborto, incentivando aquele grupo de mulheres a desrespeitar o nosso ordenamento jurídico. Já nem sequer falo dos entraves que esta força política promove sistematicamente para combater o desenvolvimento económico do nosso país. Falo sim da última e grave «machadada» da deputada Ana Drago.

Rapariga nova, de «carinha laroca» mas uma verdadeira terrorista política, autora de frases como «o sexo só é sujo quando as pessoas não se lavam», vem agora afirmar que o «arrastão» da praia de Car cavelos não passou de uma ilusão óptica, quem sabe se à semelhança da que provocou a célebre onda no Algarve. Segundo a mesma, todas as imagens que vimos foram apenas uma montagem e o verdadeiro problema surgiu quando a polícia chegou e começou a «carregar nos coitadinhos» que tinham ido à praia em grupo ( às centenas! ) talvez para se sentirem mais seguros não fosse a corrente do mar os atraiçoar... O que se diz, para ganhar uns votos venham eles de onde vierem, é inacreditável!

Esta campanha contra a autoridade, coroada com as acusações do costume de xenofobia e racismo não augura nada de bom para a segurança dos portugueses. Não admira por isso que a polícia em Portugal tenha dificuldades em agir. Uma estalada de um polícia a um criminoso e temos as Anas Dragos e os Daniéis Oliveiras a berrar pelos direitos humanos.

Espero muito sinceramente que se um dia a deputada Ana Drago e/ou o «pseudo-intelectual» Daniel Oliveira se se virem numa situação de perigo, tenham a sorte de ter um polícia por perto que, apesar de toda a campanha do BE, não actue condicionado e os defenda como se espera de um elemento de uma força de segurança pública.


Termino dizendo que a temática da segurança talvez não tenha neste momento o seu «timing» ideal porque com o desemprego ainda a aumentar e por conseguinte uma maior pressão social, iremos com toda a certeza assistir a um aumento da insegurança e da criminalidade nos próximos tempos. Por esta razão, atrevo-me a pedir aos militantes do BE que, pelo menos nesta matéria, sejam responsáveis e defendam alguns dos seus eleitores (digo alguns porque os outros já sabemos quem são – o nicho dos criminosos/potenciais criminosos).

P.S. Também a propósito de demagogia pura e dura, não resisto a comentar um episódio, que pude presenciar de bem perto. Há uns meses atrás, quando tive o privilégio de representar o governo do nosso país, conseguiram desbloquear-se alguns pequenos entraves que dificultavam o investimento em Portugal do maior produtor do mundo de aerogeradores de energia eólica – Enercon. Foi negociada a subconcessão de uma área não utilizada dos estaleiros navais de Viana do Castelo, acordo que era suficiente para promover só numa primeira fase um investimento de 40 milhões de euros e criar mais de 300 postos de trabalho naquela região. Escusado será dizer que tanto o governo (na altura PSD/PP), como a câmara socialista estavam de acordo quanto à importância do projecto, e assim foi assinado em Novembro passado um protocolo com o consórcio. Tive a oportunidade de conhecer o dono da Enercon que me confidenciou, já naquela altura, estar cansado de tanto esperar por uma decisão das autoridades portuguesas, quando a Junta da Galiza lhe dava um lote de terreno ainda maior, para além de comparticipar nas obras. Pois bem, depois de assinado o protocolo e aprovado em Conselho de Ministros, o diploma foi vetado pelo Presidente da República. Repito: foi vetado! Podem imaginar o que sinto quando assisto ao Presidente da República apelar entusiasticamente aos agentes económicos para apostarem na inovação. Façam o que eu digo, não façam o que eu faço!

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