Opinião
O que é uma Buzzword?
Quantas vezes é que já se questionou acerca da origem desta ou daquela palavra? Já todos o fizemos, mas raras são as vezes que nos debruçamos realmente sobre esta temática e que partimos em busca da sua origem.
Ultimamente, motivado pelo aparecimento de novas tecnologias, apareceram também em grande quantidade novas «Buzzwords».
Buzzword, é um BUZZ em torno de um novo termo, ou seja um grande alarido, que tem como base o aparecimento de uma palavra até então desconhecida. O caso do «e-commerce» parece-me ser o mais flagrante. Ainda se lembra do barulho que se fez em torno do comércio electrónico, a quantidade de pessoas que falavam dele como a descoberta do século XXI?
Agora, que a fase desenfreada já passou, conseguimos todos ver um certo exagero em tanto falatório para explicar uma coisa aparentemente evidente, ou seja como o comércio se adaptou a uma nova forma de linguagem: a Internet (mas sempre com os mesmo objectivos: vender para ganhar dinheiro).
Mas, na realidade, não é simples, pois mesmo sendo o Comércio uma parte do mundo dos negócios- como é o caso do comércio electrónico - a linguagem utilizada actualmente neste tipo de comércio é tão nova para a mente humana que, tentar vender de forma eficiente e consequente os «nossos produtos» utilizando a Internet como linguagem, é obra conseguida ainda por muito poucos.
A linguagem representa uma estrutura tão basilar que, mantendo o tipo de negócio tradicional e modificando apenas a forma como se comunicam os produtos, muda tudo de uma forma tão profunda que acaba mesmo por aparecerem muitas variáveis imprevisíveis.
O que motivou a formação de um novo léxico foi a dificuldade que existia em explicar a Internet, o seu potencial, e as suas consequências ao mergulhar como linguagem em todas as áreas da actividade humana.
«E-learning», por exemplo, não passa de uma indústria muito madura, como é a da educação e formação, que se está a revolucionar com a Internet. Torna-se deste modo mais simples perceber e comunicar estas particularizações («e-learning», «e-comerce», etc.. ) do que antecipar e compreender o que é a Internet, e o que vai «trazer» ao entrar na nossa vida profissional e pessoal.
E ainda estamos longe de entender tudo o que a Internet tem subjacente.
Também as consequências do aparecimento da televisão foram durante anos, senão mesmo décadas, inesperadas. Ninguém imaginava que a sociedade iria ficar massificada, subjugada ao que a «caixa que mudou o mundo» promovia. Só agora compreendemos o fenómeno da televisão, que é muitíssimo menos complexo do que a Internet, porque esta conta com a interactividade, a possibilidade de aceder à informação por camadas, a informação em formato multimedia e a ubiquidade (que poder !!!).
Com a Internet, o ser humano troca a passividade a que foi obrigado pela televisão e torna-se um ser activo, o decisor.
A linguagem é o maior poder que um ser humano tem: fazer-se ouvir e ser entendido, são as armas para a nossa evolução. A Economia tradicional tem uma linguagem, a Nova Economia "vive" dentro de uma: a Internet, que é muitíssimo mais poderosa.
Na altura em que se começou a falar e a «investir na Internet», ninguém sabia o que este novo meio de comunicação poderia fazer pela economia Mundial. Todos os grandes empresários que aí investiram sentiram que era algo que ia mudar a realidade, mas não sabiam como, nem quando. Só assim se pode explicar tantos investimentos alucinados, de milhões de contos em comércio electrónico, em conteúdos valiosos disponíveis gratuitamente, modelos de negócio muito novos e sem qualquer referências na nossa memória, tão novos que não sabíamos com quê os comparar.
Quem quis estar na linha da frente e que, mesmo sem entender a capacidade da Internet ou o seu papel como linguagem, investiu desconhecendo como ganhar dinheiro, está agora desiludido ou a fechar a porta. Muitos deixaram mesmo de acreditar que um negócio que envolva este meio de comunicação possa ser economicamente viável.
No entanto, estão errados, esta nova linguagem está a encontrar agora uma posição mais consensual e de parceria com as outras linguagens mais antigas, de maneira a dar mais tempo à mente humana para se adaptar a ela, diminuindo também os riscos de modelos de negócios muitos novos que utilizam apenas exclusivamente a Internet como linguagem.
Aliás, a frase «investir na Internet», já pouco sentido faz nos dias de hoje; pode-se sim investir em negócios que usem também a Internet como linguagem para chegar até aos clientes.
Presidente da Chip7, Introduxi e director geral da Seara.com.
Email: miguelmonteiro@seara.com