Opinião
Octávio Teixeira - Economista e ex-deputadodo PCP
02 de Outubro de 2012 às 23:30
O nó górdio
É hoje inequívoco que a política do Governo fracassou. No entanto, o primeiro-ministro e o seu mentor económico António Borges teimam na ideia de que a redução dos custos do trabalho é a via "extremamente inteligente" para ultrapassar a crise.
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É hoje inequívoco que a política do Governo fracassou. No entanto, o primeiro-ministro e o seu mentor económico António Borges teimam na ideia de que a redução dos custos do trabalho é a via "extremamente inteligente" para ultrapassar a crise. Todos os que rejeitaram a sua proposta, a maioria da sociedade portuguesa, serão ignorantes. A sua arrogância é estúpida. Mas o mais grave, porque eles governam o país, é que essa teimosia mostra ignorância económica, incompetência política e cegueira ideológica.
Os desequilíbrios externos, a questão central, só são resolúveis se o país produzir mais, não pela aplicação da receita do cavalo do inglês. E produz-se de menos porque a produção nacional não é suficientemente competitiva com produções externas. Insuficiência que não radica nos custos salariais, pois em Portugal são cerca de 50% dos da média da União Europeia enquanto a produtividade é da ordem dos 75%.
Assim, e porque o aumento da competitividade através de incrementos significativos da produtividade total dos factores é muito lento no tempo, para ganhar competitividade só há uma solução: desvalorizar a moeda. Há dez anos que o euro está sobrevalorizado em 30% (e mais) face à taxa de equilíbrio para a economia portuguesa, o que é insuportável.
O abandono do euro e subsequente desvalorização é uma necessidade objectiva. Tem custos, mas menores que os actuais. Por exemplo, desvalorizar 30% pode gerar uma perda salarial real de 8%, via inflação, menos que a soma do corte de um subsídio e da inflação. E com as vantagens de a competitividade aumentar cerca de 24%, potenciando rapidamente o crescimento económico e a redução do desemprego e dos défices, e de evitar a queda no abismo.
Este é o nó górdio que urge desatar.
Os desequilíbrios externos, a questão central, só são resolúveis se o país produzir mais, não pela aplicação da receita do cavalo do inglês. E produz-se de menos porque a produção nacional não é suficientemente competitiva com produções externas. Insuficiência que não radica nos custos salariais, pois em Portugal são cerca de 50% dos da média da União Europeia enquanto a produtividade é da ordem dos 75%.
O abandono do euro e subsequente desvalorização é uma necessidade objectiva. Tem custos, mas menores que os actuais. Por exemplo, desvalorizar 30% pode gerar uma perda salarial real de 8%, via inflação, menos que a soma do corte de um subsídio e da inflação. E com as vantagens de a competitividade aumentar cerca de 24%, potenciando rapidamente o crescimento económico e a redução do desemprego e dos défices, e de evitar a queda no abismo.
Este é o nó górdio que urge desatar.
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