Opinião
Mobilização da Economia
O título deste artigo, hoje, levar-nos-ia a pensar que se trata de um manifesto eleitoral. Todavia, o assunto é mais prosaico e não procura despertar emoções mas consciências para uma revolução, mais uma, que temos de liderar no novo tempo da sociedade em
Os serviços de comunicações móveis de banda larga centrados no utilizador podem, por conseguinte, ser explorados com vista à obtenção de ganhos sociais e de produtividade para toda a economia.
Comissão Europeia (1)
Deixem-me sumarizar o dito dizendo que o conhecimento pode ser utilmente visto como informação no contexto. Agora é uma observação comum que a informação procurada através dos telefones móveis é, caracteristicamente, localização-específica e situação-específica. Parece que, então a comunicação móvel tende a engendrar não só informação, mas informação no contexto: o que é conhecimento per se.
Kristóf Nyíri (2)
1. - O título deste artigo, hoje, levar-nos-ia a pensar que se trata de um manifesto eleitoral. Todavia, o assunto é mais prosaico e não procura despertar emoções mas consciências para uma revolução, mais uma, que temos de liderar no novo tempo da sociedade em rede, o da Mobilidade.
2. - Se ignorámos para mais ou para menos a revolução da internet, se sentimos que apenas lhe tocámos com as mãos mas não a agarrámos, se estamos bem integrados e julgamos que vamos em velocidade de cruzeiro, podemos agora respirar fundo e preparar-nos para o novo paradigma, o da Mobilidade que é o grande próximo desafio das economias e das sociedades de todo o mundo.
3. - Nesta economia da informação e do conhecimento em que vivemos não existe lugar para a acomodação e a mobilização das actividades económicas e das empresa é o novo grande desafio mas também a grande janela de oportunidades que se abre diante de nós. Portugal poderá tirar muito partido desta era móvel considerando que tem um mercado bastante activo na área das telecomunicações móveis e dá passos seguros no consumo dos PDA (3) com vendas estimadas em Portugal só em pocketpc de 20 mil por ano, e de outros equipamentos muito massificados como é o caso dos telefones móveis onde segundo dados divulgados dispomos de 10 milhões unidades activas.
Portugal como país latino, das tertúlias dos cafés e dos beirais das portas, das praças e dos longos almoços, das mesas de esplanada e de um número infinito de lugares públicos tem a sua oportunidade, visto o mercado do móvel crescer exponencialmente com praticamente o total da população usando telemóvel e com um mercado crescente nos equipamentos que permitem acesso a diversas aplicações como o correio electrónico e o SMS cujos números divulgados apontam para 7 milhões dia em Portugal e estima-se mil milhões a nível mundial. Ganhar este desafio poderá ser ganhar o aumento da produtividade sem ter de transformar a cultura dos portugueses mas ao invés potenciá-la.
4. - Sem pretender, nem poder, descrever a indústria móvel, o que não é, aliás, o objecto deste artigo, deixo antes algumas pistas para pensar a economia e a sociedade móvel na sua essência a saber, a agregação de valor e o aumento da produtividade.
5. - Esta nova realidade enforma de dois factores fundamentais que devem ser compreendidos face ao novo paradigma da informação e do conhecimento, são eles o Peso e o Tempo. O Peso é um factor importante na análise da mobilidade, sendo leve, facilita a transportabilidade, usabilidade, espacialidade e o Tempo que é um dos principais factores beneficiados pelo móvel e de diversas formas, nomeadamente: imediatismo, alargamento e actualidade.
Neles reside a essência da gestão do valor na idade do conhecimento móvel. Estes dois factores determinam a nossa capacidade de gerir a informação no espaço móvel, a saber: o lugar-evento e o lugar-situação traduzindo Nyíri (2).
6. - É a própria Comissão Europeia que nos diz numa Comunicação «A disponibilidade em qualquer local e a qualquer momento será uma necessidade essencial num contexto em que a mobilidade das pessoas, dos bens e dos serviços está a aumentar. A capacidade para actualizar os registos dos clientes sempre que haja actividade de vendas ou de apoio e para ligar a força de trabalho móvel à empresa e aos seus recursos de dados, bem como a capacidade para transferir grandes quantidades de dados, terá consequências nos processos de trabalho e na evolução organizacional, melhorando a eficiência das empresas.». (1) Esta Comunicação é aliás reforçada pela posição do Conselho que na Cimeira de Bruxelas de 25 e 26 de Março de 2004 declarou: «... A União tem de dar respostas oportunas aos novos desafios: no domínio vital das comunicações electrónicas, por exemplo, a UE tem que implementar novas estratégias em matéria de comunicações móveis e de banda larga que a mantenham na vanguarda. ....» (4)
7. - Não ignoremos pois os sinais dos tempos e coloquemos Portugal na dianteira, os portugueses gostam de desafios e de tecnologias móveis. Atribuamos à frase que titula este artigo um sentido prático e consolidemos o processo de modernização da nossa economia e da nossa sociedade Mobilizando-a. Acima de tudo é necessário potenciar a nossa apetência para dispôr de equipamentos móveis e transformá-la em ganhos sociais e económicos.
NOTAS:
1. Comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões - Serviços Móveis em Banda Larga /* COM / 2004 / 0447 final */ Sublinhado do articulista.
2. «Mobile Communications, Essays on Cognitio and Community», Kristóf Nyíri (ed.), Passagen Verlag, First English edition, 2003.
3. PDA - designação corrente para «Personal Digital Assistant» em inglês e «Assistente Pessoal Digital» in: Wikipedia< http://pt.wikipedia.org/wiki/PDA>
4. Conselho Europeu de Bruxelas - 25/26 de Março de 2004 - Conclusões da Presidência - (OR. en) - 9048/04 - Polgen20 - Concl 1