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14 de Fevereiro de 2005 às 13:59

Mobilização da Economia

O título deste artigo, hoje, levar-nos-ia a pensar que se trata de um manifesto eleitoral. Todavia, o assunto é mais prosaico e não procura despertar emoções mas consciências para uma revolução, mais uma, que temos de liderar no novo tempo da sociedade em

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Os serviços de comunicações móveis de banda larga centrados no utilizador podem, por conseguinte, ser explorados com vista à obtenção de ganhos sociais e de produtividade para toda a economia.
Comissão Europeia (1)

Deixem-me sumarizar o dito dizendo que o conhecimento pode ser utilmente visto como informação no contexto. Agora é uma observação comum que a informação procurada através dos telefones móveis é, caracteristicamente, localização-específica e situação-específica. Parece que, então a comunicação móvel tende a engendrar não só informação, mas informação no contexto: o que é conhecimento per se.
Kristóf Nyíri (2)

1. - O título deste artigo, hoje, levar-nos-ia a pensar que se trata de um manifesto eleitoral. Todavia, o assunto é mais prosaico e não procura despertar emoções mas consciências para uma revolução, mais uma, que temos de liderar no novo tempo da sociedade em rede, o da Mobilidade.

2. - Se ignorámos para mais ou para menos a revolução da internet, se sentimos que apenas lhe tocámos com as mãos mas não a agarrámos, se estamos bem integrados e julgamos que vamos em velocidade de cruzeiro, podemos agora respirar fundo e preparar-nos para o novo paradigma, o da Mobilidade que é o grande próximo desafio das economias e das sociedades de todo o mundo.

3. - Nesta economia da informação e do conhecimento em que vivemos não existe lugar para a acomodação e a mobilização das actividades económicas e das empresa é o novo grande desafio mas também a grande janela de oportunidades que se abre diante de nós. Portugal poderá tirar muito partido desta era móvel considerando que tem um mercado bastante activo na área das telecomunicações móveis e dá passos seguros no consumo dos PDA (3) com vendas estimadas em Portugal só em pocketpc de 20 mil por ano, e de outros equipamentos muito massificados como é o caso dos telefones móveis onde segundo dados divulgados dispomos de 10 milhões unidades activas.

Portugal como país latino, das tertúlias dos cafés e dos beirais das portas, das praças e dos longos almoços, das mesas de esplanada e de um número infinito de lugares públicos tem a sua oportunidade, visto o mercado do móvel crescer exponencialmente com praticamente o total da população usando telemóvel e com um mercado crescente nos equipamentos que permitem acesso a diversas aplicações como o correio electrónico e o SMS cujos números divulgados apontam para 7 milhões dia em Portugal e estima-se mil milhões a nível mundial. Ganhar este desafio poderá ser ganhar o aumento da produtividade sem ter de transformar a cultura dos portugueses mas ao invés potenciá-la.

4. - Sem pretender, nem poder, descrever a indústria móvel, o que não é, aliás, o objecto deste artigo, deixo antes algumas pistas para pensar a economia e a sociedade móvel na sua essência a saber, a agregação de valor e o aumento da produtividade.

5. - Esta nova realidade enforma de dois factores fundamentais que devem ser compreendidos face ao novo paradigma da informação e do conhecimento, são eles o Peso e o Tempo. O Peso é um factor importante na análise da mobilidade, sendo leve, facilita a transportabilidade, usabilidade, espacialidade e o Tempo que é um dos principais factores beneficiados pelo móvel e de diversas formas, nomeadamente: imediatismo, alargamento e actualidade.

Neles reside a essência da gestão do valor na idade do conhecimento móvel. Estes dois factores determinam a nossa capacidade de gerir a informação no espaço móvel, a saber: o lugar-evento e o lugar-situação traduzindo Nyíri (2).

6. - É a própria Comissão Europeia que nos diz numa Comunicação «A disponibilidade em qualquer local e a qualquer momento será uma necessidade essencial num contexto em que a mobilidade das pessoas, dos bens e dos serviços está a aumentar. A capacidade para actualizar os registos dos clientes sempre que haja actividade de vendas ou de apoio e para ligar a força de trabalho móvel à empresa e aos seus recursos de dados, bem como a capacidade para transferir grandes quantidades de dados, terá consequências nos processos de trabalho e na evolução organizacional, melhorando a eficiência das empresas.». (1) Esta Comunicação é aliás reforçada pela posição do Conselho que na Cimeira de Bruxelas de 25 e 26 de Março de 2004 declarou: «... A União tem de dar respostas oportunas aos novos desafios: no domínio vital das comunicações electrónicas, por exemplo, a UE tem que implementar novas estratégias em matéria de comunicações móveis e de banda larga que a mantenham na vanguarda. ....» (4)

7. - Não ignoremos pois os sinais dos tempos e coloquemos Portugal na dianteira, os portugueses gostam de desafios e de tecnologias móveis. Atribuamos à frase que titula este artigo um sentido prático e consolidemos o processo de modernização da nossa economia e da nossa sociedade Mobilizando-a. Acima de tudo é necessário potenciar a nossa apetência para dispôr de equipamentos móveis e transformá-la em ganhos sociais e económicos.

NOTAS:

1. Comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões - Serviços Móveis em Banda Larga /* COM / 2004 / 0447 final */ Sublinhado do articulista.

2. «Mobile Communications, Essays on Cognitio and Community», Kristóf Nyíri (ed.), Passagen Verlag, First English edition, 2003.

3. PDA - designação corrente para «Personal Digital Assistant» em inglês e «Assistente Pessoal Digital» in: Wikipedia< http://pt.wikipedia.org/wiki/PDA>

4. Conselho Europeu de Bruxelas - 25/26 de Março de 2004 - Conclusões da Presidência - (OR. en) - 9048/04 - Polgen20 - Concl 1

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