Opinião
G8 aposta na segurança energética mundial
A cimeira do G8, um dos mais exclusivos e poderosos clubes do mundo, realizou-se em S. Petesburgo, sob presidência da Rússia, onde a questão de segurança energética mundial foi o grande tema da agenda, ...
A cimeira do G8, um dos mais exclusivos e poderosos clubes do mundo, realizou-se em S. Petesburgo, sob presidência da Rússia, onde a questão de segurança energética mundial foi o grande tema da agenda, com Vladimir Putin a afirmar que o barril do crude pode chegar aos oitenta dólares na sequência do agudizar da crise no Médio Oriente.
Com um pano de fundo resultante da resposta bélica de Israel às organizações do Hamas em Gaza e do Hezbolá no Líbano, esta cimeira foi uma ocasião perfeita para que os líderes mundiais ocupados e distraídos com os problemas domésticos pudessem, este ano, discutir, trocar pontos de vista e concertarem-se sobre assuntos internacionais complexos, como estas questões ingentes que ameaçam a paz mundial.
Com efeito, as reuniões do G8 permitem fornecer linhas directrizes à comunidade internacional, estabelecer prioridades e proporcionar uma concertação em caso de crises súbitas, dado que as relações que se desenvolvem a nível pessoal entre os líderes destes poderosos países, são essenciais para que o clube funcione com base no elemento mais aglutinador que é a confiança.
Afinal, nada mais do que acontece entre amigos e conhecidos em que a resolução de problemas é muito mais facilmente encontrada num ambiente de intimismo e de confiança recíproca, sobretudo quando estão em causa problemas tão candentes como os actuais.
Uma das conclusões políticas que saiu desta cimeira foi o acordo sobre a necessidade de conseguir a estabilidade dos mercados energéticos, assegurar a segurança física das infra-estruturas e diversificar a oferta, bem como obter uma maior transparência dos mercados, onde os governos e as organizações internacionais têm um papel determinante a desempenhar. A questão do nuclear foi, na senda da diversificação, considerada positiva, embora o tema, por razões político-económicas ou nem tanto, esteja longe de obter consensos.
É que a instabilidade no Médio Oriente tem provocado, por seu turno, grande turbulência nos preços do petróleo. Daí que Tony Blair, bem como o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, tenham exortado ao envio de uma força de paz para a fronteira entre o Líbano e Israel, que Romano Prodi estima em cerca de 8000 homens, iniciativa que foi, de imediato, secundada pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Estes, ainda que reconhecendo o direito de Israel à autodefesa, consideraram perigoso o recurso a meios desproporcionados.
Por isso e neste caso específico, é necessário um esforço multilateral para terminar com esta espiral de violência, designadamente oferecendo-se ajuda ao governo libanês, repleto de debilidades, devido ao frágil equilíbrio entre etnias, para que respeite a Resolução 1559 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e desmantele milícias ao serviço do Irão e da Síria, que põe em causa toda a estabilidade da zona que faz fronteira com Israel.
Por outro lado, e a montante o grande tema foi o da educação no sentido de promover sistemas educativos capazes de estarem alicerçados numa economia de saber, também em relação aos emigrantes que devem ser integrados social e economicamente nos países de acolhimento. Daí que seis líderes africanos tenha reivindicado a duplicação da ajuda ao desenvolvimento para que possam ser cumpridos os objectivos do programa Millenium até 2015, centrados, sobretudo, na agricultura, no acesso aos mercados e na educação em África.
Em suma, uma reunião importante em termos de decisões, porque goste-se, ou nem por isso, o mundo ficou, de repente, perigoso de mais, e uma liderança de um punhado de países e de organizações, por mais contestável que seja, é indispensável para que o caos e o terror não se instale a nível planetário.