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Este mundo é uma bola, quem anda nela é que se amola

Nem a transposição da teoria à prática dos acordos firmados nestas cimeiras tende a ser linear, nem estes entendimentos substituem a necessidade de proceder com as reformas estruturais, mas, assumem uma co-responsabilização na trajetória de reequilíbrio.

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Uma das tentativas de conciliação entre dois dos principais ramos da análise económica - a microeconomia e a macroeconomia – recorre à teoria dos fractais, baseando-se na semelhança de fenómenos independentemente da escala em que ocorrem.

Apesar do maior sucesso na aplicação desta teoria a outros campos que não a macroeconomia, retomamos o conceito da invariância na escala para a análise do acordado na mais recente cimeira do G20(1), designadamente nos seguintes pontos: (i) "( ) os estados membros da área do euro comprometem-se com o ajustamento económico entre si através de reformas estruturais que mitiguem os problemas de competitividade dos países com défices correntes e de estímulos à procura e crescimento nos países que registam excedentes; (ii) [no G20] os países com excedentes comerciais significativos deverão empreender ações de dinamização da procura interna e os países com défices elevados fomentar a poupança ( ), (iii) a elevada interdependência entre as economias ( )".

Um conjunto de intenções que revela que a economia global e a UEM enfrentam desafios semelhantes embora em escalas diferentes, preocupação reforçada pela forte assimetria nas condições de financiamento dos estados soberanos a que este contexto tem conduzido.

Estas situações também podem ocorrer no plano das regiões de um país ou de núcleos ainda menores como a família, mas, nestes casos, as mecânicas de ajustamento revelam maior automatismo, associado a um sentido de pertença que, naturalmente, tende a esbater-se nos agregados globais. Donde a justificação para a ação de política e a congratulação por parte do G20 do "novo paradigma de cooperação multilateral" – nas interpretações mais céticas, um entendimento decorrente do risco de progressão dos efeitos da crise da dívida soberana europeia a demais regiões.

Incentivos à parte - tão determinantes no plano micro quanto no macro – esta pressão para a "ação multilateral" poderá, na margem, ser favorável a Portugal.

Num documento recente de discussão do FMI(2), sugere-se a necessidade de reforçar os efeitos esperados das reformas estruturais levadas a cabo pelos países sob programa formal de ajustamento através de medidas complementares, tais como: (i) prolongamento de política monetária compensatória, com tradução na depreciação do euro; (ii) reapreciação das metas orçamentais estruturais exigidas aos estados membros em função da sua condição financeira; (iii) correção dos desequilíbrios comerciais por ação conjunta das contrapartes envolvidas, nomeadamente ao nível da evolução dos preços relativos ("inflação no norte/desinflação no sul"); (iv) medidas de estímulo económico centralizadas; e (v) normalização do funcionamento do mercado de crédito, com particular atenção ao processo de desalavancagem, restruturação do setor e respetivos níveis de solvabilidade.

Acrescentaríamos, como sugestão, o aprofundamento da "europeização" dos mecanismos de garantia mútua, instrumento que poderia amenizar a aparente contradição entre o objetivo e necessidade de reposicionamento da estrutura produtiva e dos fatores de competitividade do país com a adversidade das condições financeiras para o fazer.

Nem a transposição da teoria à prática dos acordos firmados nestas cimeiras tende a ser linear, nem estes entendimentos substituem a necessidade de proceder com as reformas estruturais, mas, assumem uma co-responsabilização na trajetória de reequilíbrio e, nesse sentido, poderão melhorar a perceção de sucesso dos programas em curso.

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