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29 de Setembro de 2006 às 13:59

Empregabilidade

Segundo um estudo da Direcção-Geral de Estudos, Estatísticas e Planeamento (DGEEP) do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, apenas 31,4% das empresas portuguesas realizaram acções de formação para os seus colaboradores em 2005.

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Verifica-se, pois, que 68,6% das empresas portuguesas não realizaram acções de formação profissional no ano passado, o que não deixa de ser um número impressionante a espelhar uma realidade bem negativa.

Preocupante, igualmente, é a informação divulgada no recente relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial, segundo a qual Portugal desceu do 31º lugar para o 34º entre 125 países, uma descida que ficou a dever-se menos ao Estado do que ao sector privado, responsabilizado pela fraca sofisticação dos seus negócios, nomeadamente em factores de inovação, eficiência, educação e formação.

Estes números valem o que valem, mas mostram-nos desde logo que ainda existe um longo caminho a ser percorrido pelas empresas portuguesas e, principalmente, pelos empresários e gestores portugueses.

É claro que todos sabemos que o tecido empresarial português é composto, na sua maioria, por pequenas empresas, ou mesmo micro empresas, que funcionam muitas vezes de forma "informal", quando não mesmo à margem do sistema. Sabemos, igualmente, que muitos dos empresários portugueses não têm a formação necessária para as funções que ocupam, tendo conquistado a pulso, com árduo esforço, as suas posições, apoiando-se depois na vivência prática para tentar compensar a falta de habilitações e conhecimentos específicos em gestão.

No entanto, é essencial olhar de frente para esta questão, porque com um tão baixo nível de acções de formação nas nossas empresas, estamos, claramente, a caminhar para a não sobrevivência de muitas delas e para o consequente aumento do desemprego. Estamos a caminhar para empresas cada vez mais afastadas dos novos paradigmas da gestão, empresas afastadas das novas tecnologias, empresas que rapidamente ficarão desadaptadas e desenquadradas nas suas áreas de negócios.

De facto, o mais grave é que, ao não apostarem na formação, as empresas não só comprometem a sua sobrevivência, como hipotecam desde logo o futuro e as ambições dos seus colaboradores. Sem acesso a acções de formação, cada colaborador fica condenado à estagnação, limitado às funções que desempenha, perde competências necessárias para apostar em novos projectos profissionais.

A formação contínua dos colaboradores não é um "luxo" a que algumas organizações se podem dar, mas uma obrigação para o desenvolvimento de qualquer empresa, uma obrigação moral perante todos os colaboradores que dão vida e corpo à empresa.

Na realidade, os custos com a formação são, na sua maioria, rapidamente recuperados com os ganhos de eficiência resultantes da melhoria dos níveis de motivação e eficácia dos colaboradores e da qualidade dos serviços prestados.

As maiores empresas e as multinacionais presentes entre nós têm um amplo conjunto de procedimentos e regras que ajudam a concretizar estas acções de formação, valorizando os seus colaboradores e potenciando a sua empregabilidade no caso de desejarem alterar o percurso profissional.

Um dinamismo que a maioria das nossas empresas ainda não interiorizou, continuando a não perceber a importância fulcral da formação na criação de condições de sucesso e na dignificação dos seus colaboradores.

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