Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
15 de Fevereiro de 2007 às 13:59

E depois do referendo?

Os portugueses votaram no passado Domingo o referendo sobre a despenalização do aborto até às 10 semanas, dando a vitória ao Sim. A votação originará uma alteração legislativa, mas ...

  • ...

A votação originará uma alteração legislativa, mas em nada se altera a essência ética do aborto e a forma como cada pessoa olha e avalia esta questão.

Os associados da ACEGE não puderam, naturalmente, passar indiferentes a este debate e procuraram contribuir para a discussão, sensibilizando a sociedade em geral para a importância deste referendo.

Numa tomada de posição pública, reconheciam que esta questão era um difícil dilema entre valores, um confronto de direitos, mas que tinha de ser enquadrado por certezas incontornáveis que não podiam – nem deviam nunca – ser esquecidas:

– A certeza, cada vez mais reforçada pela ciência, de que a Vida é um processo contínuo de crescimento que começa na concepção e deve terminar na morte natural;

– A certeza de que cada pessoa é única e irrepetível, encerrando, desde o primeiro momento, o potencial para desempenhar um papel concreto no desenvolvimento do mundo;

– A certeza de que as leis que nos regem devem apontar o melhor caminho e as melhores práticas a seguir por toda a sociedade e não podem representar a desistência perante a repetição de um erro, liberalizando e legalizando algo que todos dizemos rejeitar.

Nessa tomada de posição era ainda referido que os caminhos vitoriosos, as soluções correctas e sustentáveis no longo prazo, passam sempre por definir as causas dos problemas e procurar as soluções mais eficientes e eficazes que não ponham em causa a dignidade da pessoa humana.

Como empresários e gestores, os membros da ACEGE reconheciam que as empresas exercem uma influência demasiado forte na vida e nas famílias de milhares de colaboradores, condicionando muitas das suas opções de vida, nomeadamente as opções de maternidade e de vivência familiar.

Infelizmente, muitos são os casos onde as empresas e as chefias promovem uma pressão inaceitável sobre as mulheres para que não engravidem, apontando o despedimento ou a não promoção como consequência da maternidade. Igualmente, não se criam os espaços necessários para o desenvolvimento pessoal e social dos colaboradores, fechando-os no pequeno mundo da empresa.

É por isso chegado o momento de cada empresário e cada gestor assumir publicamente o compromisso de promover soluções e instrumentos que afastem das empresas a responsabilidade, directa ou indirecta, de levar uma mãe a optar legalmente pelo fim de uma Vida nascente.

É chegado o momento de cada empresário e cada gestor assumir publicamente o compromisso de promover condições objectivas para potenciar pessoas que se dedicam inteiramente ao emprego.

Todos sabemos que a concorrência é feroz e que esse facto implica um grande esforço e dedicação por parte dos colaboradores. Mas todos sabemos também que as empresas poderiam apoiar de forma mais clara políticas de protecção da família, que poderiam promover uma melhor organização do tempo e o trabalho em part-time, que poderiam aplicar uma maior justiça salarial, que poderiam criar novos espaços de desenvolvimento pessoal.

Para tal, basta vontade e organização.

Todos aqueles que, com responsabilidades de chefia nas empresas, acreditam que o aborto, mesmo legalizado, nunca deveria acontecer vêem agora chegar o momento de passar das palavras e dos pensamentos à prática.

Esta tem de ser a primeira semana da mudança de lógica no entendimento da família e da maternidade nas empresas.

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio