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12 de Novembro de 2007 às 11:54

Diariamente? com o seu (jornal) Diário

Sou um consumidor de jornais diários, de distribuição gratuita. Não tenho nada contra os diários normais, embora reconheça que é mais cómodo receber os jornais “no meu colo”.

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Os diários de distribuição gratuita vieram pressionar, o já de si pressionado, mercado dos jornais diários. Independentemente de argumentos qualitativos poderem ser invocados é indiscutível que estão por todo o lado, e que dão aos diários tradicionais o que os americanos denominam de “a run for their money”. 

Os jornais começaram por ser um meio de informação importante, com fontes credíveis e uma oferta diferenciada. O jornal era uma fonte importante de informação com maior substância, e densidade, do que a veiculada pela televisão. Os consumidores tinham, assim, uma percepção de valor sobre a informação contida no jornal.

Não havia o acesso à informação que existe hoje em dia. Não existiam tantos canais informativos, nem telejornais de uma hora, nem quatro canais em língua portuguesa de acesso praticamente universal. Sobretudo, não havia Internet.

Os jornais tradicionais sofrem de um problema similar ao das editoras discográficas. A tecnologia apanhou-os desprevenidos?

Quando é que se tem tempo, hoje em dia, para ler o jornal, sem ser aos fins-de-semana? Durante a semana, é a “lufa-lufa” de ir trabalhar, e de resolver todos os assuntos que necessitam da nossa atenção, imediata, de respostas na hora, para ontem. 

Não subsiste outro espaço para o jornal diário, senão aqueles dez minutos, entre semáforos, para ler um dos exemplares distribuídos, gratuitamente. Há apenas tempo para histórias banais, sem profundidade ou interesse real. Não temos capacidade de atenção disponível para mais, nesses dez minutos.

Tudo o resto advém, ou da observação dos telejornais, ou da pesquisa na Internet. Alguns diários ou semanários especializados já se mudaram para a Internet. É o único sítio onde ainda se pode ler o jornal, e ficar minimamente informado. É também fácil de seguir as histórias, e agregar a informação de vários dias em grupo, para se ficar a saber da história toda em poucos parágrafos.

Haverá ainda espaço para o jornal diário? Eu diria que o jornal diário é um formato que está condenado a desaparecer, fora do formato de distribuição gratuita. Sinceramente, espero que os semanários não sigam o mesmo caminho, embora seja óbvio que são o próximo formato a sofrer a pressão da distribuição gratuita. Conseguirão os semanários combater esta nova frente, mantendo a qualidade informativa? Aguardemos os próximos números?

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