Uma organização eficaz é vital para o sucesso empresarial. Ainda assim, uma investigação da Bain & Company revela que apenas 15% das empresas têm uma organização que optimiza o seu desempenho. O que distingue as vencedoras é a capacidade de tomar boas decisões – principalmente as mais importantes – e depois fazê-las acontecer.

Como é que as empresas alcançam excelência no seu processo decisório e na sua capacidade de execução? As empresas de alto desempenho reconhecem que a estrutura organizacional (quem reporta a quem) é uma parte pouco relevante da equação. Ao invés, estas dedicam a sua energia à construção de um sistema integrado de suporte à tomada de decisões. O objectivo desse sistema é superar os concorrentes em cinco dimensões vitais.

1. Fornecer direcção e liderança convincentes

Quando há clarividência vinda de cima, o resto da organização sabe no que se focar. Os melhores líderes conseguem transmitir uma visão que apela e prioritiza o que é necessário fazer para ser bem sucedido.

Uma visão de apelo vai além de palavras de efeito. As equipas das empresas de alta-performance reforçam as suas prioridades e valores criando uma ‘liderança distribuída’ – líderes em todos os níveis que enviam as mesmas mensagens sobre a direcção da empresa. “Nós não queremos um líder”, lembra Terry Leahy, CEO da retalhista inglesa Tesco, “nós queremos milhares”.

2. Definir papéis decisórios claros – e tornar as pessoas de facto responsáveis

Um bom processo decisório começa com responsabilidades e papéis claros. As pessoas sabem por quais decisões são responsáveis, quem deve fornecer input e quem são os seguidores. Tão importante quanto isso, sabem o que está fora da sua alçada.

Muitas das mais importantes decisões ‘atravessam’ diferentes funções. A solução não é simplesmente tornar uma pessoa em cada função responsável e assegurar-se de que ele ou ela tenha as interacções adequadas. As empresas de alto-desempenho também se certificam de que a sua estrutura organizacional está alinhada com as fontes de criação de valor do negócio. Há que ser RAPID – para em cada decisão, identificar quem Recomenda, quem dá o seu Acordo (ou veta), quem Produz, quem dá Input e quem Decide.

3. Desenvolver e empregar pessoas talentosas

Organizações de alto-desempenho contam sempre com pessoas que pensam e agem como donos – pessoas com alto grau de aspirações, que tomam decisões e actuam rapidamente. Isto exige que as empresas pensem sobre os tipos de pessoas de que precisam para ter sucesso, seleccionando com base em talento tanto quanto em vontade – em competência tanto quanto atitude. Empresas em expansão/reconversão de produtos para serviços, por exemplo, precisam de se tornar mais focadas nos clientes e menos nos produtos.

4. Superar-se na execução da linha da frente

Uma das características típicas das organizações de alto desempenho é o envolvimento e foco da sua linha da frente. Estes empregados-chave incluem pessoal de vendas, serviço ao cliente e entrega – pessoas que podem transformar o primeiro contacto com o cliente num relacionamento de longo prazo. Também incluem as pessoas que desempenham um papel crucial na tarefa de levar os produtos certos ao mercado no prazo certo – pessoas envolvidas nas áreas de investigação e desenvolvimento, produção, marketing, e distribuição.

5. Conseguir os ‘10% extra’ com uma cultura de alto desempenho

As empresas líderes cultivam uma paixão pelo negócio que encoraja as pessoas a darem o melhor de si e que, ao mesmo tempo, cria um ambiente de trabalho mais aprazível para o empregado.

Empresas com valores e comportamentos de alto desempenho inspiram a lealdade dos empregados, que querem ficar e fazer parte da equipa. Esses empregados formam uma rede de promotores, relativamente à empresa, junto de clientes, colegas e candidatos.

O caminho para o alto desempenho

A marca de qualquer organização altamente eficaz é tomar boas decisões e fazê-las acontecer – melhor, mais rapidamente e de forma mais consistente que os seus concorrentes.

Porque são um sistema, não apenas estruturas, as empresas frequentemente têm dificuldade em saber por onde começar. Mas qualquer empresa pode tornar a sua organização mais eficaz, começando pela sua próxima decisão.

João Soares é “Senior Principal” da Bain & Company