Opinião
Da gestão à liderança
Enquanto a liderança é aceite como o processo de influenciar a acção de pessoa ou grupo, levando-os a agir para se alcançar um determinado objectivo, definir o que é um líder constitui um desafio
O conceito de trabalhador constitui um termo amplo que inclui todos aqueles que vivem do seu trabalho, tendo-se verificado uma evolução ao longo da história passando-se pelo escravo, servo, artesão e proletário. Na actualidade, o trabalhador é aquele que realiza tarefas ancoradas em salários, contratos, direitos e deveres estabelecidos dentro dos limites legais e convencionalmente previstos.
Por outro lado, o conceito de empregador (expressão actualmente adoptada pela legislação portuguesa) também tem assumido historicamente diversas denominações passando de patrão, entidade patronal e entidade empregadora para designar aquele que detém o poder de dispor da força de trabalho de outrem.
Ultrapassados que estão alguns dos referidos conceitos, também o termo de gestor começa a parecer insuficiente para caracterizar a especificidade da acção e de resultados de alguns condutores de empresas e mobilizadores de homens.
Emergem e impõem-se, desta forma, os conceitos de liderança e de líder como elementos-chave da dinâmica e sucesso organizacional.
O conceito de liderança não é um conceito unidimensional, unanimemente aceite na sua definição e entendimento. Numerosos autores têm abordado esta temática, tentando não só caracterizar o exercício da liderança, os líderes, mas também o resultado da sua acção nas empresas.
Enquanto a liderança é comummente aceite como o processo de influenciar a acção de pessoa ou grupo, levando-os a agir no sentido de alcançar um determinado objectivo, definir o que é um líder constitui um desafio, tendo vindo a emergir e "submergir" na literatura diferentes abordagens sobre o tema.
Desde a ideia de predestinação inata do líder, ao foco nas suas qualidades e traços de personalidade, até a abordagens situacionais e mais recentemente transformacionais, muito se tem escrito sobre o assunto.
De forma sintética, pode-se afirmar que os líderes têm de ser capazes de analisar e identificar a situação e as suas exigências para, deste modo, ajustarem o seu comportamento de forma a mobilizar os outros a assumirem e desenvolverem esforços para a concretização de objectivos definidos.
Ainda que quando se fala em liderança, exista a tendência a pensar nos mais altos cargos numa empresa, não podemos ignorar que os líderes são essenciais, existem em todos os níveis da organização (estratégico, operacional ou mesmo equipas) e que determinam, pela sua acção e exemplo, o resultado desta.
No líder espera-se a presença de auto-consciência, credibilidade, lealdade e entusiasmo e que tenha a capacidade de valorização e reconhecimento da sua equipa de forma a fomentar o sentimento de respeito, pertença e identidade. Sendo os apresentados, traços gerais comuns a qualquer líder, a sua acção tem características específicas em função do tipo de empresas e equipas que integra.
Em equipas de tipo funcional, que trabalham diariamente em conjunto e com modelos estáveis, são esperados líderes presentes que demonstrem um conhecimento profundo não só das actividades mas também de cada um dos membros que as compõem.
Em equipas de projecto, constituídas com propósitos específicos e por tempos determinados, exigem-se líderes muito orientados para os resultados, com elevada capacidade de captação e de recursos e que garantam a coordenação e organização dos seus membros.
Equipas remotas ou dispersas exigem líderes com disponibilidade e presença baseada em contactos regulares que reforcem a importância do esforço individual para o resultado global.
Equipas virtuais, cujo contacto é essencialmente suportado na tecnologia, exigem lideranças ancoradas na credibilidade, complementaridade e frequentemente estão alicerçadas por processos de team-building específicos desde a sua formação.
Independentemente do tipo e características das equipas, o objectivo de qualquer líder é a excelência do seu desempenho, uma vez que o sucesso destas é o seu sucesso.
Considerando que o líder responde pela qualidade do trabalho da equipa e pela forma como gere os recursos que lhe são afectos é essencial que em muitas das circunstancias tenha a capacidade de avaliar as condições de resposta e, se necessário, delegar tarefas e funções. Este acto de delegação, permite por um lado libertar a agenda e também fomentar o reconhecimento e desenvolvimento do potencial da equipa para além de optimizar as condições de resposta.
Não sendo um processo de desresponsabilização, a delegação deve ser ancorada numa escolha criteriosa do delegado e acompanhada por uma monitorização e apoio próximo. Porém, há que atender que ainda que se mantenha a condição de controlo sobre os resultados, os processos e soluções adoptadas devem ser autonomizados com a delegação. A delegação pode potenciar mudança através da adopção de novas soluções.
Conforme Kotter (1), a função primária de um líder é criar mudança. Acrescentamos nós que a função de um líder é criar mudança no sentido do sucesso individual, da equipa e da empresa.
Assim, ao líder compete, em conjunto, com o empregador proporcionar aos trabalhadores boas condições de trabalho que favoreçam a conciliação da actividade profissional com a vida familiar e pessoal, sem descurar a justa, devida e atempada retribuição.
Acresce que o líder deve observar o princípio da adaptação do trabalho à pessoa, procurando atenuar o trabalho monótono ou cadenciado, e cumprir as exigências em matéria de segurança, saúde e bem-estar, designadamente no que se reporta a pausas e intensidade do trabalho.
É essencial que o líder não adopte posturas discriminatórias, nem se oponham ao exercício dos direitos dos trabalhadores ou, ainda, exerça meios de pressão que viciem os resultados individuais, da equipa e da empresa.
De facto, revela-se, cada vez mais, necessário que o tecido empresarial Português seja dotado de líderes qualificados, capazes e conscientes das suas capacidades, direitos e deveres.
Tome nota
1. Liderar é um processo de influência e modelo da acção de pessoa ou grupo, levando-os a agir no sentido de alcançar um determinado objectivo;
Por outro lado, o conceito de empregador (expressão actualmente adoptada pela legislação portuguesa) também tem assumido historicamente diversas denominações passando de patrão, entidade patronal e entidade empregadora para designar aquele que detém o poder de dispor da força de trabalho de outrem.
Emergem e impõem-se, desta forma, os conceitos de liderança e de líder como elementos-chave da dinâmica e sucesso organizacional.
O conceito de liderança não é um conceito unidimensional, unanimemente aceite na sua definição e entendimento. Numerosos autores têm abordado esta temática, tentando não só caracterizar o exercício da liderança, os líderes, mas também o resultado da sua acção nas empresas.
Enquanto a liderança é comummente aceite como o processo de influenciar a acção de pessoa ou grupo, levando-os a agir no sentido de alcançar um determinado objectivo, definir o que é um líder constitui um desafio, tendo vindo a emergir e "submergir" na literatura diferentes abordagens sobre o tema.
Desde a ideia de predestinação inata do líder, ao foco nas suas qualidades e traços de personalidade, até a abordagens situacionais e mais recentemente transformacionais, muito se tem escrito sobre o assunto.
De forma sintética, pode-se afirmar que os líderes têm de ser capazes de analisar e identificar a situação e as suas exigências para, deste modo, ajustarem o seu comportamento de forma a mobilizar os outros a assumirem e desenvolverem esforços para a concretização de objectivos definidos.
Ainda que quando se fala em liderança, exista a tendência a pensar nos mais altos cargos numa empresa, não podemos ignorar que os líderes são essenciais, existem em todos os níveis da organização (estratégico, operacional ou mesmo equipas) e que determinam, pela sua acção e exemplo, o resultado desta.
No líder espera-se a presença de auto-consciência, credibilidade, lealdade e entusiasmo e que tenha a capacidade de valorização e reconhecimento da sua equipa de forma a fomentar o sentimento de respeito, pertença e identidade. Sendo os apresentados, traços gerais comuns a qualquer líder, a sua acção tem características específicas em função do tipo de empresas e equipas que integra.
Em equipas de tipo funcional, que trabalham diariamente em conjunto e com modelos estáveis, são esperados líderes presentes que demonstrem um conhecimento profundo não só das actividades mas também de cada um dos membros que as compõem.
Em equipas de projecto, constituídas com propósitos específicos e por tempos determinados, exigem-se líderes muito orientados para os resultados, com elevada capacidade de captação e de recursos e que garantam a coordenação e organização dos seus membros.
Equipas remotas ou dispersas exigem líderes com disponibilidade e presença baseada em contactos regulares que reforcem a importância do esforço individual para o resultado global.
Equipas virtuais, cujo contacto é essencialmente suportado na tecnologia, exigem lideranças ancoradas na credibilidade, complementaridade e frequentemente estão alicerçadas por processos de team-building específicos desde a sua formação.
Independentemente do tipo e características das equipas, o objectivo de qualquer líder é a excelência do seu desempenho, uma vez que o sucesso destas é o seu sucesso.
Considerando que o líder responde pela qualidade do trabalho da equipa e pela forma como gere os recursos que lhe são afectos é essencial que em muitas das circunstancias tenha a capacidade de avaliar as condições de resposta e, se necessário, delegar tarefas e funções. Este acto de delegação, permite por um lado libertar a agenda e também fomentar o reconhecimento e desenvolvimento do potencial da equipa para além de optimizar as condições de resposta.
Não sendo um processo de desresponsabilização, a delegação deve ser ancorada numa escolha criteriosa do delegado e acompanhada por uma monitorização e apoio próximo. Porém, há que atender que ainda que se mantenha a condição de controlo sobre os resultados, os processos e soluções adoptadas devem ser autonomizados com a delegação. A delegação pode potenciar mudança através da adopção de novas soluções.
Conforme Kotter (1), a função primária de um líder é criar mudança. Acrescentamos nós que a função de um líder é criar mudança no sentido do sucesso individual, da equipa e da empresa.
Assim, ao líder compete, em conjunto, com o empregador proporcionar aos trabalhadores boas condições de trabalho que favoreçam a conciliação da actividade profissional com a vida familiar e pessoal, sem descurar a justa, devida e atempada retribuição.
Acresce que o líder deve observar o princípio da adaptação do trabalho à pessoa, procurando atenuar o trabalho monótono ou cadenciado, e cumprir as exigências em matéria de segurança, saúde e bem-estar, designadamente no que se reporta a pausas e intensidade do trabalho.
É essencial que o líder não adopte posturas discriminatórias, nem se oponham ao exercício dos direitos dos trabalhadores ou, ainda, exerça meios de pressão que viciem os resultados individuais, da equipa e da empresa.
De facto, revela-se, cada vez mais, necessário que o tecido empresarial Português seja dotado de líderes qualificados, capazes e conscientes das suas capacidades, direitos e deveres.
Tome nota
1. Liderar é um processo de influência e modelo da acção de pessoa ou grupo, levando-os a agir no sentido de alcançar um determinado objectivo;
2. Os líderes existem em todos os níveis da organização e determinam, pela sua acção e exemplo, o resultado desta.
3. De um líder espera-se a capacidade de valorização e reconhecimento da sua equipa de forma a fomentar o sentimento de respeito, pertença e identidade;
4. Diferentes tipos de equipas exigem formas específicas do exercício da liderança;
5. A função primária de um líder é criar mudança no sentido do sucesso individual, da equipa e da empresa.
(1) Vide, por exemplo, Kotter, J. (1996). Leading change. Harvard Business School
(1) Vide, por exemplo, Kotter, J. (1996). Leading change. Harvard Business School
*Associada da Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados
claudia.torres@tfra.pt
** Docente Universitária
acsd.duarte@gmail.com
claudia.torres@tfra.pt
** Docente Universitária
acsd.duarte@gmail.com
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